Na coluna anterior abordamos a relação entre futebol e democracia. Hoje vamos falar sobre a relação entre futebol e a ditadura militar.
Logo depois do fracasso da Copa de 1966, a ditadura interveio diretamente na preparação da seleção. Em 1968, a preparação física passou a ser comandada por Admildo Chirol, formado na Escola de Educação Física do Exército, auxiliado por Cláudio Coutinho e Carlos Alberto Parreira, que também tinham histórico na instituição militar. O chefe de delegação na Copa foi o major-brigadeiro Jerônimo Bastos, enquanto o chefe da segurança era o major Roberto Ipiranga Guaranys, que integra a lista de torturadores da ditadura.
A seleção brasileira conquistou a Copa de 1970 com um desempenho memorável muito bem aproveitado pelos militares. Na volta dos campeões ao Brasil, o General Emílio Garrastazu Médici os recebeu na rampa do Palácio do Planalto e imitou o gesto do capitão da seleção e levantou a taça Jules Rimet em foto publicada em quase todos os jornais do País.
A cena foi testemunhada por uma multidão de mais de um milhão de pessoas aglutinadas no entorno do Palácio. Além de patrocinar a “festa do povo” no Palácio do Planalto, o General Médici publicou carta em que se dizia “após memorável campanha, desejo que todos vejam no presidente da República um brasileiro igual a todos os brasileiros”.
Construía-se uma representação de um presidente comum e sensível aos costumes populares muito distante do general, que na prática, comandava com mão de ferro a repressão aos opositores nos porões da ditadura.
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