A reorientação das políticas de saúde mental pelo atual governo é um retrocesso e um desrespeito à democracia. Retrocesso porque voltamos a práticas desumanas, como manicômios e eletrochoques. Desrespeito à democracia, porque as mudanças da reforma psiquiátrica foram feitas após anos de debate no Congresso e na sociedade, enquanto o atual desmonte é uma imposição governamental.
Além da ameaça da volta dos manicômios, a eletroconvulsoterapia (ECT), mais conhecida como “eletrochoque”, volta a ser pauta polêmica. A ECT está indicada para casos refratários de depressão e esquizofrenia, que não são responsivos a múltiplos tratamentos, além de ser primeira linha de tratamento para catatonia maligna e síndrome neuroléptica maligna, quadros agudos de depleção dopaminérgica que cursam com alta mortalidade, depressões psicóticas em idosos, entre outros. São casos bem definidos, de certa forma pouco comuns.
É fato que a técnica foi usada como tortura por muito tempo. Hoje a técnica é regulamentada e segura, e deve ser garantida à população em ambiente adequado. No entanto, o que preocupa são os critérios questionáveis do atual ministro da saúde, no que se refere a diversos tratamentos, como dependência química, por exemplo, e a questão das internações psiquiátricas. São assustadoras algumas opiniões preconceituosas, e alguns critérios sem embasamento teórico e interesses econômicos obscuros de alguns grupos interessados em equipamentos de saúde. Comente este artigo. Envie um e-mail para dstma@smabc.org.br Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente