26 metalúrgicas estão eleitas aos CSEs na base

Na semana passada, 26 companheiras constavam na lista de eleitas aos CSEs nas empresas da base. Desde os primeiros Comitês em 1999, a participação da mulher no Sindicato vem se ampliando.

Naquela época, elas não chegavam a dez. Porém, fazer parte da representação dos trabalhadores nunca foi tarefa fácil e mais difícil ainda para as metalúrgicas do ABC.

 “Antes, a empresa não aceitava nem que eu participasse das reuniões de negociação e dizia que a mesa estava inchada”, relembrou Maria Gilsa Conceição Macedo, a Gilsa, CSE desde 2002 na Polimatic e, depois, na TRW, até os dias de hoje.

Segundo a dirigente, foi preciso que os companheiros do CSE se recusassem a participar das negociações sem ela, para que a fábrica a reconhecesse como representante. “O David [Carvalho] deu um ultimato: ‘Ou ela fica ou sai todo mundo da mesa de negociação’”, contou.

Coragem

O exemplo de persistência e luta de Gilsa é inspiração para as que foram eleitas pela primeira vez como Judith Alves da Fonseca, a Ju, do CSE na Valeo. “Não tenho medo de lutar pelos meus direitos. Essa coragem aprendi no convívio com o pessoal do Sindicato, na TRW com a Gilsa e em cursos que participei”, afirmou Ju.

“Quero aprender mais para poder compartilhar com as companheiras na fábrica”, disse. Assim como ela, Rosemeire Aparecida Martins, a Rosinha, recém eleita para o CSE na Kostal, também teve coragem para denunciar abusos das chefias, principalmente com as mulheres na fábrica.

“Eu adoeci por conta destes comportamentos das chefias e estou resolvida a lutar contra isso”, defendeu a representante.

Para ela, este tipo de atitude é um desrespeito contra a mulher e tem que acabar nas empresas.

 “Eu observo que as companheiras podem chegar, contar os problemas e vencer a barreira do medo, como eu venci”, concluiu.

Eleição de Dilma influenciou a participação das mulheres

“A eleição da presidenta Dilma [Rousseff] influenciou a mulher a buscar mais os seus direitos e lutar por mais conquistas”. A afirmação é da integrante do CSE na TRW, Maria Gilsa Conceição Macedo, a Gilsa.

Segundo a dirigente, a mudança de comportamento das companheiras nas fábricas pode ser comprovada pela comparação entre o 2º e o 3º Congresso das Metalúrgicas do ABC, que começa amanhã na Sede. “Em2002, tínhamos um trabalho imenso para convencer da importância de participar deste debate”, lembrou Gilsa. “Hoje, estamos tendo dificuldades para atender tantos pedidos de participação neste3º Congresso”, comemorou a representante.

Amadurecimento

Apesar de estarem rompendo as barreiras do machismo, ainda há um longo caminho para as mulheres trilharem.

 “A coisa mais fácil é desistir”, comentou Michelle Silva Marques, veterana na representação dos trabalhadores na Volks, desde 2005.

Ela contou que no começo só podia falar de questões relativas aos problemas da mulher e que hoje está capacitada para debater economia, postos de trabalho e qualquer assunto da categoria.

“Eu sofri, mas amadureci. Se precisar gritar, eu grito também”, enfatizou Michelle.

Da Redação