João Ferrador, prêmios para um Brasil melhor
O jornalista Bernardo Kucinski e o Dieese foram os premiados da noite
O jornalista Bernardo Kucinski e o Dieese foram os ganhadores do Prêmio João Ferrador de Cidadania 2010, entregue na noite desta quarta-feira em cerimônia que comemorou os 51 anos do Sindicato. A escolha se deu por voto direto da categoria.
Receberam menção honrosa a Sempreviva Organização Feminista (SOF), o Movimento da Luta Antimanicomial, Ivan Seixas, do Conselho de Defesa da Pessoa Humana, e Lula Ramires, da ong Corsa, que defende os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais e transgêneros.
“O prêmio João Ferrador provocou intenso debate na categoria. Não foi novidade o Dieese ganhar, pois a categoria convive com ele e reconhece a entidade há muito tempo”, disse Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.
“Também teve muito debate sobre a SOF e a Luta Antimanicomial, e isso foi fantástico”, prosseguiu.
Para ele, Bernardo Kucinski ganhou na categoria personalidade porque o trabalhador quer a democratização da mídia. “Mostra o quanto o tema é importante para a população”, comentou.
A indicação de Lula Ramires também provocou bastante debate. “Fiquei sabendo que tanto os servidores de Diadema quanto os bancários de São Paulo têm nas suas convenções coletivas o direito ao convênio médico aos companheiros e companheiras dos homossexuais e esta será uma das nossas reivindicações na próxima negociação”, adiantou.
Mesa com os participantes do prêmio e convidados
Homenageados comentam a premiação
“O prêmio representa um desafio para que continuemos a fazer nosso trabalho, para que todos no Dieese continuem desenvolvendo o trabalho que trouxe esse prêmio. Significa também um incentivo para que continuemos no movimento sindical, junto com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que é uma referência para os trabalhadores brasileiros, junto também com as centrais. O Prêmio João Ferrador é um incentivo para continuarmos nesse caminho e que todos nós possamos construir, juntos, um País mais justo, fraterno e igualitário”.
Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese
“A indicação e homenagem do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a um homossexual assumido é histórica. Da mesma forma que as pessoas não imaginavam que Lula seria presidente da República, eu nunca imaginei que um homossexual fosse homenageado por um sindicato. Esse é o papel do movimento social: unir todos em uma luta comum, pois apesar dos avanços obtidos nos últimos oito anos, a luta não acabou e ainda existe muita transformação que precisamos fazer neste País”.
Lula Ramires
“O João Ferrador é o prêmio mais importante que recebo em mais de 40 anos de jornalismo. Estar na Sede do Sindicato para recebê-lo representa um encontro com minhas origens. Comecei minha vida profissional como metalúrgico, fui sócio do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e o primeiro jornal em que escrevi era dirigido para metalúrgicos. O Prêmio João Ferrador me remete também às gigantescas assembleias que cobri como jornalista no final dos anos 1970. Lembro particularmente a assembleia do dia 1º de maio de 1979, quando me avisaram da morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Aquela morte representou a morte da tortura política no Brasil. E aquele dia representou a morte da ditadura militar, matada pelos metalúrgicos do ABC. As armas foram as greves e João Ferrador foi uma de suas munições”.
Bernardo Kucinski
“Eu era metalúrgico quando, em 2002, fui afetado por um transtorno mental. Passei a ser chamado de doidão. Estava sem emprego, sem família, doente e abandonado, quando o Movimento pela Luta Antimanicomial perguntou como podia me ajudar e cuidou de mim. O Sindicato também fez isso quando abriu suas portas para um encontro nacional do movimento. É assim que avançamos. Só temos uma frase: me dê uma oportunidade”.
Orlando Felipe Vieira, da ong De Volta para Casa, que representou o Movimento pela Lula Antimanicomial
“A SOF existe desde 1963, participamos do Instituto Cajamar e dos debates sobre cotas no PT e na CUT, pois as mulheres são minoria nos espaços de poder. Desde 2000, levamos às mulheres para as ruas com a Marcha Mundial das Mulheres. Desenvolvemos um feminismo de resistência por um projeto de igualdade no País. Tenho orgulho de ser homenageada por este Sindicato que é a referência para a classe trabalhadora no Brasil”.
Sônia Coelho, Sempreviva Organização Feminista (SOF)
O ativista político Ivan Seixas, outro dos concorrentes, não pode participar por problemas particulares.
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