Carros a gasolina e diesel crescem 7 vezes mais que frota elétrica em São Paulo
Cidade precisaria aposentar 3,3 milhões carros, motos, caminhões e ônibus para cumprir objetivo
A cidade de São Paulo contabilizou 176 mil novos veículos movidos a combustíveis fósseis de 2019 a 2025, o equivalente a sete vezes os registros de automóveis elétricos no mesmo período. Em meio à expansão da frota poluente, a capital paulista precisaria retirar de circulação ao menos 131,7 mil carros, ônibus, motos e caminhões por ano para zerar as emissões do transporte rodoviário até 2050.
É o que mostra um levantamento da Folha com base em dados do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito). O cálculo leva em conta a eliminação gradual da frota abastecida exclusivamente com diesel ou gasolina, que geram gases do efeito estufa e agravam as mudanças climáticas. São Paulo tem 7,3 milhões de veículos, dos quais 3,3 milhões (45,2%) são movidos apenas a combustíveis fósseis e 3,4 milhões (46,5%) são flex e aceitam etanol ou gasolina.
A frota puramente elétrica cresceu quase 24 vezes em seis anos, passando de 1.087 em 2019 para 25,9 mil em setembro de 2025. Mesmo assim, a cada novo veículo elétrico registrado em São Paulo no período, outros sete abastecidos com diesel ou gasolina ganharam as ruas. O transporte é a principal contribuição da cidade para o aquecimento global. Em 2023, o setor respondeu por 65% das emissões do município, segundo o Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa).
O aumento expressivo na quantidade de automóveis flex nos últimos anos, com 604 mil novos registros desde 2019, não se traduziu em uma redução na queima de gasolina. Em 2023, as emissões de CO2e causadas por esse combustível estavam 11% acima dos níveis de 2008. O menor valor da série histórica foi registrado em 2020, durante a pandemia da Covid-19. A capital paulista tem a meta de se tornar neutra em carbono até a metade do século 21, conforme o PlanClima, documento que orienta as ações da prefeitura na agenda climática.
Da Folha de São Paulo