Anfavea defende etanol na transição para a eletrificação
Fabricantes de veículos querem continuar a investir em motores a combustão até chegar à eletrificação, intensificar o uso do etanol e tirar das ruas os veículos mais poluentes
A indústria automobilística traçou um plano para tentar diminuir a distância entre os carros que poderão ser produzidos no país nos próximos anos e os que já rodam em mercados desenvolvidos. Enquanto regiões como a Europa aceleram a eletrificação, a ideia, por aqui, é continuar a investir em motores a combustão durante alguns anos, intensificar o uso do etanol e tirar das ruas os veículos mais poluentes, que não funcionam com o derivado da cana de açúcar.
Mas, para isso, o setor precisa do apoio de políticas públicas voltadas, principalmente, à renovação da frota. A tarefa não será fácil e envolve uma série de etapas. O esforço começa pelo convencimento das matrizes das montadoras de que o Brasil terá ambiente econômico favorável à continuidade dos investimentos. Além disso, os fabricantes de veículos precisam criar um vínculo com o governo para o país definir políticas de estímulo ao uso de veículos menos poluentes.
E, o mais difícil, fazer valer a legislação que obriga à inspeção veicular regular, única forma de tirar das ruas os carros cujas emissões de poluentes há tempos transgridem normas ambientais.
Se bem-sucedido, o plano da indústria ajudaria a resolver o problema da capacidade ociosa das fábricas instaladas no país, que beira os 50% hoje, evitaria os riscos de parte dessa indústria desaparecer e, ao mesmo tempo, promoveria o conhecimento do país no uso do etanol como combustível na batalha global em busca de energias veiculares mais limpas. Mas esse processo mal começou.
O primeiro passo foi dado ontem, quando a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) conduziu uma detalhada apresentação de um estudo, desenvolvido pela entidade junto com o Boston Consulting Group (BCG). O trabalho aponta o uso de biocombustíveis, principalmente o etanol, como o melhor caminho para o Brasil ter um papel relevante na descarbonização do transporte num momento em que as nações desenvolvidas aceleram a eletrificação dos veículos.
Do Valor Econômico