Anfavea prevê que importados terão metade do mercado
Apesar de o governo federal ter decidido aumentar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos carros importados, um estudo realizado pela PwC (PricewaterhouseCoopers) para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e também apresentado para o governo brasileiro, mostra que a produção vai continuar a perder espaço para as importações se novas medidas não forem adotadas. De acordo com a projeção, o País terá 2,8 milhões de importados em 2020 (veja gráfico), volume que chegará próximo do total produzido no mercado interno. Outros dados revelados pela Anfavea apontam que nos últimos sete anos a relação entre veículos exportados e a produção nacional caiu de 30% para 14,6% e as importações avançaram de 5% para 22,4%.
O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, mostrou o estudo durante reunião com os metalúrgicos da Região, em São Bernardo, e endossou que as medidas adotadas pelo governo são positivas para ajudar a equilibrar o mercado. Para o executivo, a indústria automotiva nacional encontra problemas no setor de infraestrutura e logística. “São áreas que precisam ser melhoradas e fazem com que os gastos fiquem pesados no orçamento das empresas e também contribuem para que as montadoras instaladas no país percam a sua competitividade”, disse.
O executivo pondera que a cadeia produtiva brasileira é muito extensa e gera custos altíssimos para as montadoras. “Outro detalhe que contribui para a nossa perda da competitividade são os altos valores pagos pela eletricidade, pelo gás e também pela água. É preciso haver uma tributação menor para empresas. Se isso não ocorrer em breve vamos ter mais empresas fechando do que abrindo”, pondera.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, também presente ao encontro, ressaltou a importância da qualificação dos trabalhadores. “É preciso que ocorra o desenvolvimento da engenharia e da tecnologia em território nacional, sendo assim teremos cada vez mais postos de trabalho e trabalhadores mais qualificados. A indústria automotiva brasileira tem perfeitas condições de produzir novos modelos de veículos, mas as montadoras precisam investir nos seus funcionários se quiserem continuar a crescer”, pontuou.
Já o professor de Economia da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração), Carlos Luque, aponta que as montadoras precisam investir em novas tecnologias e design para melhorar a competitividade. “É preciso desenvolver veículos com design atrativo para o público. As montadoras orientais apostaram nisso e, por isso, estão crescendo. Outro detalhe é colocar mais opcionais nos veículos. O consumidor brasileiro quer conforto e por isso passou a comprar carros importados. Se as montadoras não quiserem perder mercado em 2020 precisam começar agora a criar novas plataformas”, finaliza.
Do ABCD Maior