Brasil corre risco com Alckmin presidente
Uma eventual vitória de Alckmin abre a possibilidade de multiplicar pelo País as rebeliões em presídios vistas nos últimos dias em São Paulo. O alerta é de Danilo Chammas, da Fundação Interamericana de Direitos Humanos.
“O Brasil corre um grande perigo se Geraldo Alckmin for eleito presidente da República. Se isto acontecer, o governador vai espalhar por todo o País a política de punição a qualquer preço que implantou no Estado e superlota os presídios de São Paulo, tornando-os grandes barris de pólvora que estouram a todo o momento”.
A denúncia foi feita ontem por Danilo Chammas, coordenador da Fundação Interamericana de Direitos Humanos, ao comentar as rebeliões ocorridas entre segunda e terça-feira em cinco unidades prisionais paulistas, todas superlotadas. “Não falo como defensor de bandidos, como muitas vezes nos colocam, mas como alguém que luta pelos direitos de todas as pessoas, principalmente as inocentes”, afirma.
A Fundação age assim porque muita gente sem qualquer culpa sofre as consequências da política irresponsável de Alckmin. Milhares de pessoas são presas todos os meses sem terem feito nada. Só no ABC, 30% das vítimas de assassinatos por policiais são apontadas como inocentes. E a polícia de São Paulo mata duas pessoas por dia em tiroteios sem haver culpa formada contra os mortos.
Rebeliões podem tomar o País
Chammas também culpa o governador por não combater a corrupção de funcionários no sistema prisional, permitir a prática de tortura, não controlar a ação das facções criminosas e, principalmente, pela falta de ações concretas de prevenção ao crime, privilegiando as detenções.
“Muita gente está presa apesar de ter a pena vencida ou já ter cumprido a sentença”, prossegue o coordenador da Fundação. “Isso superlota os presídios, onde os detentos são torturados e mau-tratados”, continua. “Como resultado temos vários barris pólvora que explodem a qualquer momento”.
Chammas alerta que a visão de Alckmin em priorizar a punição pode se espalhar para todo o território nacional. “Se ele for eleito presidente, terá poderes para estender esta política para todo o Brasil e as rebeliões nos presídios podem tomar conta do País”, diz.
Ele protesta ainda que o governo Alckmin não aceita qualquer tipo de diálogo. Por isto, a Fundação que coordena já apresentou protestos formais contra o governador na Comissão de Direitos Humanos da ONU e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. “Como não conseguimos nada com a Justiça brasileira tivemos que apelar para organismos internacionais”, finaliza Chammas.