Cai estoque de carros nos pátio das montadoras
Anfavea vê recuperação das vendas. Oferta deve se normalizar já em março; A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no fim do ano passado foi decisiva para baixar os estoques
Os estoques de automóveis nos pátios das montadoras e concessionárias começam a se regularizar este mês, após férias coletivas de milhares de trabalhadores entre dezembro e janeiro, e a recuperação das vendas neste início de ano.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, os pátios estão atualmente com cerca de 190 mil veículos estocados, 115 mil a menos que as 305 mil unidades de novembro de 2008, quando a escassez de crédito provocou uma brusca queda nas vendas de automóveis no País. A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no fim do ano passado foi decisiva para baixar os estoques. A medida dura até 31 de março.
Segundo Schneider, a venda média diária de carros, que recuara de 12 mil veículos para 6,6 mil entre setembro e dezembro do ano passado, está atualmente em dez mil unidades. Schneider acrescentou que as montadoras devem regularizar o suprimento de automóveis ao mercado a partir de março, quando as filas por alguns modelos devem terminar.
Para ele, não houve um ajuste excessivo na produção pelos fabricantes. ” As filas são para modelos e cores específicas. Existem 450 modelos de automóveis no país, cada um com três mil peças. É natural que, após férias coletivas, montadoras e fabricantes de peças precisem de um tempo para retomar a oferta”.
O crédito para compra de carros novos também dá sinais de recuperação, embora a oferta de financiamento seja menor que antes da piora da crise, em meados de setembro. Dados da Anfavea mostram que 60% dos carros novos vendidos em janeiro foram negociados a prazo. Em novembro de 2008, quando o aperto do crédito era maior, essas vendas eram de 54% do total, abaixo dos 65% do período anterior à crise.
Embarques de carros ainda demoram para retomar
O presidente da Anfavea evitou comentar ontem os planos de recuperação da General Motors (GM) e Chrysler – que preveem 50 mil demissões e a necessidade de US$21,6 bilhões em financiamento. Ele disse, no entanto, que serão necessários ajustes “mundo afora” diante da retração nas vendas. Neste ano, serão vendidos no mundo 20 milhões de carros a menos que em 2007, disse Schneider, sendo os Estados Unidos responsáveis por sete milhões dessa queda. “Temos mercados encolhendo e aumento na ociosidade das montadoras. Isso significa que teremos uma disputa muito mais acirrada nos mercados internacionais”.
Em janeiro, ante o mesmo mês de 2008, as vendas de automóveis encolheram nos EUA (-36,8%), Japão (-19,9%), Alemanha (-18,8%), França (-10,8%), Itália (-32,6%), México (-28%) e Argentina (-38,9%). O único em crescimento é o chinês, com alta de 2,5% em janeiro, mostra levantamento da Anfavea.
Do O Globo