Células tronco, proibir ou controlar?

O Congresso Nacional vai apreciar matéria que derruba a proibição da pesquisa utilizando células tronco. Existe grande polêmica sobre o assunto e o que está em jogo é o domínio pelo Brasil de conhecimentos científicos que salvarão milhares de vidas e livrarão o País de uma enorme dependência tecnológica no futuro. 

O que são as células tronco
As células tronco são células humanas que têm o poder de diferenciação, ou seja, elas se transformam em células específicas como as do tecido nervoso, do coração, do fígado, da próstata etc.

Um dos meios mais fáceis de obter essas células é através da coleta do sangue do cordão umbilical na hora do parto.

Existem outras células tronco que têm maior capacidade de diferenciação, que são as células tronco embrionárias.

Onde se obtém células tronco embrionárias?
Hoje existem milhares de clínicas especializadas em reprodução humana que fazem a fecundação em laboratório. Colhem óvulos e esperma dos futuros pais e fazem a fecundação num tubo de vidro gerando dezenas de pequenos embriões. Estes são uma massa de duas dezenas de células chamadas tronco.

Desses embriões, no máximo os cinco melhores são implantados no útero materno. Os demais embriões ficam congelados para sempre nos laboratório sem nenhuma utilidade. 

Porque não utilizá-las
As pesquisas cientificas têm demonstrado que essas células quando implantadas num órgão lesionado podem multiplicar-se como células daquele órgão e dessa forma cicatrizar as lesões. Assim, seria possível recuperar uma medula vertebral lesionada num acidente, um coração necrosado por um enfarto e muitas outras curas que hoje são impossíveis.

Para isso só seriam utilizadas as células obtidas desses milhões de embriões não utilizados.

Por puro preconceito, esses embriões devem permanecer congelados para sempre enquanto muitas vidas deixam de ser salvas.

Importar é alternativa
Enquanto o preconceito prevalecer fazendo valer a proibição, a alternativa para a pesquisa é a importação de células tronco congeladas, como aconteceu recentemente na Universidade de São Paulo.

Estamos pagando muito caro por um produto que temos em abundância e ainda correndo inúmeros riscos de deterioração desse material durante o transporte.

Dependência tecnológica é ameaça
Outro fator importantíssimo é o fato de que se não desenvolvermos tecnologia nossa para o tratamento de doenças através de células tronco, em poucos anos estaremos completamente dependente de tecnologia e patentes de outros países. Continuaremos ao sabor das grandes multinacionais que detém o monopólio do conhecimento e os altos lucros na área da saúde.

Preconceitos não ajudam
É preciso deixar de lado os preconceitos, rever as velhas crenças religiosas e pensar no futuro. Estabelecer padrões éticos e morais que devem sempre balizar a pesquisa científica é tão fundamental quanto a manutenção da nossa soberania, da nossa independência e da nossa autodeterminação na escolha do nosso futuro.

Esclarecimentos sobre o assunto podem ser solicitados pelo nosso portal www.smabc.org.br, contatos, Saúde do Trabalhador.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente