Clipping 14 de junho de 2021

Manchetes

São Paulo antecipa em um mês calendário de vacinação (Folha)

Imposto sobre múltis pode render R$ 5,6 bi ao ano ao país (Estadão)

Para evitar racionamento, MP amplia poder do governo (O Globo)

Inflação e atividade dobram o resultado primário de estados (Valor)

Valor

Atraso na vacinação e insegurança sobre a economia afetam envio de peças às montadoras, diz sindicato

A Volkswagen anunciou que irá paralisar por dez dias a produção de veículos em suas fábricas de São Bernardo do Campo e São Carlos, em São Paulo, e de São José dos Pinhais (PR), por conta da escassez mundial de semicondutores e componentes eletrônicos

A falta de vacinação e a insegurança sobre o cenário econômico do país tem afetado a entrega de peças e insumos para as montadoras instaladas no Brasil, na visão do diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Damasceno. Hoje, a Volkswagen anunciou que irá paralisar por dez dias a produção de veículos em suas fábricas de São Bernardo do Campo e São Carlos, em São Paulo, e de São José dos Pinhais (PR), por conta da escassez mundial de semicondutores e componentes eletrônicos.

“O que estamos conseguindo constatar é que, ao olhar para o Brasil, as empresas não estão sentindo segurança para colocar o país como um ‘player’ mundial no qual vale a pena separar uma quantidade de semicondutores para manter a produção. Essa visão está muito condicionada à demora da vacinação e à instabilidade econômica, já que não existe um cenário seguro de como serão os próximos meses”, avalia Damasceno.

O diretor do sindicato reiterou que o avanço da vacinação em outros países, combinado com o aumento do crescimento econômico, especialmente na China, Europa e Estados Unidos, tem elevado a demanda por semicondutores. Diante de um cenário de pouca oferta e alta demanda, as próprias montadoras buscam priorizar unidades instaladas em mercados onde há um ambiente econômico mais seguro. “As montadoras fazem a compra de semicondutores de forma global, mas depois privilegiam os mercados que têm a maior recuperação e maiores volumes de vendas”, afirmou.

Estadão

Volkswagen paralisa todas as fábricas no Brasil por falta de semicondutores

Unidades de São Bernardo do Campos e São Carlos, em São Paulo, vão parar por dez dias a partir do dia 21; em Taubaté e São José dos Pinhais (PR) produção está suspensa desde segunda-feira

A Volkswagen confirmou nesta sexta-feira, 11, que terá de paralisar a produção nas fábricas de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e de São Carlos, no interior de São Paulo, por causa da falta de semicondutores. A paralisação começa no dia 21 e se estenderá por dez dias. As unidades de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) estão paradas desde segunda-feira, 7, e o retorno estava previsto para o dia 21, mas, no caso da planta paranaense, a parada será estendida também até 1º de julho.

A empresa alega que a escassez de semicondutores está levando a vários gargalos de fornecimento em muitas indústrias globalmente e que o Grupo Volkswagen está sendo afetado em vários países, incluindo o Brasil, onde tem três fábricas de automóveis e uma de motores (em São Carlos).

O grupo informa ainda que “novas paralisações não estão descartadas futuramente caso o cenário global de fornecimento de semicondutores permaneça crítico, impactando diretamente as atividades de produção da empresa no Brasil”.

Também no dia 21, a General Motors vai suspender a produção da planta de São Caetano do Sul (SP) por seis semanas devido à falta de componentes, mas também para adequar a linha de montagem para o início da produção de uma nova picape. A unidade de Gravataí (RS) está sem produzir desde abril e o retorno está previsto somente para meados de agosto.

Na Honda, as fábricas de Sumaré e Itirapina, ambas no interior de São Paulo, estão paradas desde quarta-feira e devem retomar atividades na segunda-feira. Já a Nissan interrompeu a produção em Resende (RJ) na segunda-feira e nesta sexta-feira, e repetirá a medida nos dias 17 e 18. A Hyundai suspendeu o terceiro turno de trabalho na fábrica de Piracicaba (SP) e a Renault, também de São José dos Pinhais, teve a produção interrompida por três dias nas últimas duas semanas.

No início da semana, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, afirmou que as previsões de especialistas e fornecedores apontam para uma normalização no fornecimento do insumo somente em 2022. Segundo ele, a tendência é que novas interrupções limitem a produção das montadoras no segundo semestre. O setor automotivo estima uma perda de 3% a 5% da produção global de veículos neste ano.

Estadão (Opinião, sábado)

Mais um ano de imprevistos para as montadoras

Falta de componentes, que já vinha provocando paralisias parciais nas linhas de montagem, deve se estender por mais tempo

Embora não pelas mesmas razões, este ano tem sido, para as montadoras, quase tão cheio de eventos inesperados como foi 2020. “Teremos algumas emoções até o fim do ano”, previu o presidente da associação dessas empresas, a Anfavea, Luiz Carlos Moraes, ao comentar os resultados da indústria automobilística em maio e apontar problemas que podem afetar a produção nos próximos meses.

No ano passado, logo após os registros de casos de infecção pelo novo coronavírus no Brasil, as montadoras, como outros segmentos da economia, tiveram de reduzir drasticamente suas atividades, até paralisando-as por completo. Neste ano, especialmente em março e abril, o recrudescimento da pandemia afetou a produção das montadoras.

A falta de componentes, o fator novo, que já vinha provocando paralisias parciais nas linhas de montagem, deve se estender por mais tempo. Pode haver novas interrupções, que acabarão por afetar a produção também no segundo semestre. A Anfavea mantém sua previsão de que a produção total de 2021 deverá alcançar 2,5 milhões de unidades, pois o cálculo já leva em conta o risco de interrupção temporária no fornecimento de alguns componentes.

O problema é mundial. “Até o fim do ano, podemos ter no mundo e no Brasil paradas por falta de semicondutores”, prevê Moraes. Trata-se de um componente essencial dos veículos modernos que ficou escasso no mercado mundial. Eles fazem parte também de aparelhos e equipamentos eletrônicos cuja demanda explodiu em razão das medidas que obrigaram as pessoas a permanecer em casa.

A produção mundial de semicondutores está no limite da capacidade existente. Mas seu design e a complexidade da unidade industrial para produzi-lo não permitem aumento rápido da fabricação. Daí o problema das montadoras e de outros setores.

Em maio, a produção das montadoras foi de 192,8 mil unidades, 1% maior do que a de abril. O enorme crescimento de 347,6% sobre maio do ano passado serve apenas para lembrar como a indústria automotiva foi afetada no início da pandemia. As vendas internas, de 188,7 mil veículos, foram 7,7% maiores do que as de abril. Nos cinco primeiros meses do ano, o total produzido foi de 981,5 mil unidades. A receita com exportações em maio alcançou US$ 693,36 milhões.

Estadão

Indústria abandona carros mais populares

A categoria de hatchs – que abriga os modelos de entrada – é tradicional líder de vendas também está prestes a perder a posição

Eles já contribuíram com mais da metade das vendas de automóveis no País e ajudaram o mercado a deslanchar. Agora, carros de entrada, antes chamados de populares, estão sendo deixados de lado pelas fabricantes.

A categoria de hatchs – que abriga os modelos de entrada como subsegmento – é tradicional líder de vendas também está prestes a perder a posição. O foco das montadoras agora são os utilitários-esportivos (SUVs), que passaram a ser prioridade nos investimentos das montadoras em busca de maior margem de lucro nas vendas.

Carro popular, na concepção em que foi criado, não existe mais há algum tempo e há quem aposte, até entre montadoras, que a categoria de entrada vai desaparecer pois não há lançamentos previstos nessa faixa. No início do ano havia sete carros de entrada em produção. Agora são quatro, e o viés é de baixa. Já saíram de linha Ford Ka, Volkswagen up! e Toyota Etios. Há informações, não confirmadas, de que no fim do ano o Fiat Uno deixará o mercado e, em 2023, o Volkswagen Gol.

Hoje, além de Uno e Gol são considerados de entrada o Renault Kwid e o Fiat Mobi. O Onix Joy, versão antiga mantida pela General Motors após a chegada do novo Onix, não consta da relação de versões de entrada da Fenabrave, associação dos concessionários, embora o mercado o coloque nessa categoria.

Segundo a Fenabrave, de janeiro a maio foram vendidos 102,9 mil carros de entrada, uma participação de 15,3% do total de automóveis comercializados no período. Os preços ao consumidor variam de R$ 44,4 mil a R$ 60,2 mil e boa parte deles é adquirida por frotistas.

“Todo mundo está querendo pular fora desse segmento e procurando vender carros que dão mais rentabilidade”, diz Paulo Cardamone, da Bright Consulting. Para ele, contudo, o segmento deve ser mantido, mas em nova configuração, com carros mais equipados e de maior conteúdo tecnológico. Isso, porém, acarreta em custos, o que descaracteriza ainda mais o conceito de popular.

Cardamone avalia que o consumidor cada vez mais quer veículos com conectividade, segurança e conforto. Além disso, a própria legislação obriga a introdução de equipamentos de segurança que também encarece o produto. “Mas sempre haverá consumidores de faixa de renda menor querendo carros mais em conta”, pondera.

A categoria de hatch saiu de uma fatia de 48% das vendas de automóveis e comerciais leves em 2011 para 32% neste ano. É nesse segmento que está a maioria dos modelos 1.0, muitos deles super equipados como o Novo Onix adquirido por Ricardo Silveira, que custou R$ 89 mil.

Há dez anos, a participação dos SUVs nas vendas de automóveis e comerciais leves era de 7%. Nos cinco meses de 2021 está em 31% e tende a passar os hatches no curtíssimo prazo. A maioria dos utilitários custa a partir de R$ 90 mil.

Há 40 modelos de SUVs à venda, e os hatches são metade disso. Dos 24 lançamentos previstos para o ano, 15 são utilitários. Há informações de apenas dois hatches, o Polo Track e o Honda City nessa configuração.

Usados – Ao ver o preço do carro de entrada longe de sua capacidade de compra, o consumidor da classe C está migrando para o usado. Até maio, a venda de usados e seminovos (com até três anos) superou em 56% a de igual período de 2020. Já as vendas dos zero cresceram 25%.

“Sem dúvida está ocorrendo uma migração, seja em razão da falta de produtos nas revendas, dos preços altos ou por querer um veículo na mesma faixa de preço, mas mais completo”, diz Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto, a associação de vendedores de veículos usados.

Ricardo Bacellar, da KPMG, não acredita que as montadoras vão desprezar o potencial de mercado de carros mais baratos e pouco conteúdo tecnológico. “É preciso considerar o perfil do mercado brasileiro e não faz sentido atender só a classe média.”

Para ele, a solução está na modalidade de assinatura, em que o consumidor aluga o carro por um a três anos e paga mensalidade que inclui custos como seguro, manutenção e documentos. O assinante assume gasto com combustível e pode trocar o carro quando quiser. “O modelo tradicional de venda estrangula a capacidade de uma grande massa de ter acesso ao carro novo”, diz.

Estradão

Scania investe no desenvolvimento de baterias de caminhões elétricos

Parceiras desde 2018, Scania e Northvolt vão investir cerca de R$ 14 bilhões para aumentar a produção e garantir a reciclagem de baterias de veículos elétricos

A Scania está investindo pesado no desenvolvimento de baterias para veículos elétricos. Nesse sentido, vai aplicar US$ 2,75 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões) juntamente com a Northvolt. Dessa forma, as empresas suecas vão aumentar a produção e incentivar a reciclagem.

Segundo a Scania, isso é muito necessário. Sobretudo porque os clientes estão migrando para veículos elétricos. Ou seja, a demanda por baterias não para de crescer. De acordo com a Northvolt, seus processos de produção são para lá de modernos. Nesse sentido, visam o menor nível possível de emissões de carbono.

Reciclagem de baterias

Da mesma forma, o Northvolt promete que metade das matérias-primas usadas em suas baterias serão recicláveis. Bem como possam ser reaproveitadas para a produção de novas baterias. “A eletrificação não será saudável se as baterias não forem feitas de forma livre de poluentes”. Segundo o chefe de operações industriais da Scania, Anders Williamsson.

Scania e Northvolt têm parceria desde 2018

A parceria entre a Scania e a Northvolt começou em 2018. Assim, as empresas investiram € 10 milhões na operação conjunta. Como isso, iniciaram o desenvolvimento de tecnologias de baterias. Para isso, especialistas das duas empresas criaram uma área de pesquisa. Ou seja, a Northvolt Labs, em Västerås, na Suécia. Além disso, a parceria mira a infraestrutura de carregamento. Ou seja, todo o chamado “ecossistema” necessário ao desenvolvimento dos veículos elétricos.

Scania já oferece caminhão híbrido

A transportadora sueca LBC Frakt AB investiu no caminhão Scania híbrido plug-in para operar na distribuição. Para a empresa, a escolha é o primeiro passo rumo à eletrificação. Nesse sentido, a transportadora elegeu o modelo Scania L 320. O caminhão opera nas entregas urbanas emitindo o mínimo possível de CO2. Ou seja, por meio de um terminal instalado no teto do veículo, a energia do veículo é gerada.

Ademais, há ainda o tanque de HVO, um diesel orgânico tratado com hidrogênio. Sendo capaz de reduzir as emissões de CO2 em até 90%. O novo caminhão transportará principalmente bebidas. Além de outros produtos para lojas e restaurantes na cidade de Karlstad, localizada a 250 km de Gotemburgo.

Valor

Mudança do perfil da população ocupada afeta produtividade

Novo indicador sobre produtividade do Ipea inclui, além do número de horas trabalhadas, o número de anos de estudo

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) levantou algumas respostas para um aspecto que tem intrigado pesquisadores da área do trabalho. Por que a produtividade da economia brasileira aumentou durante a pandemia? A análise – obtida pelo Valor – aponta que esse aumento reflete uma mudança na composição da população ocupada em períodos de crise: a saída dos trabalhadores menos qualificados e a permanência de um contingente maior daqueles com mais instrução e experiência, que são mais produtivos.

Um novo indicador desenvolvido por técnicos do Ipea — e que passará a ser divulgado trimestralmente — permite descontar o efeito da composição da população ocupada da medida de produtividade e considera as diferenças de grau de escolaridade e nível de experiência. O cálculo da produtividade da economia (Produtividade Total dos Fatores, PTF) considera fatores do capital e do trabalho.

Tradicionalmente, é utilizado apenas o número de horas trabalhadas para incluir o fator trabalho nessa conta. Já no novo indicador do Ipea, é levado em consideração o Índice de Qualidade do Trabalho (IQT), que inclui, além do número de horas trabalhadas, o número de anos de estudo e a experiência do trabalhador, a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Isso significa que se tem em vista tanto a quantidade de horas trabalhadas quanto a qualidade delas.

 lógica por trás disso é que trabalhadores com mais escolaridade e mais experiência são mais produtivos e contribuem mais para a atividade econômica, ou seja, os trabalhadores têm níveis de produtividade distintas. Um profissional com ensino superior, por exemplo, tende a produzir mais que um que tenha só o ensino fundamental, considerando o mesmo número de horas dedicadas.

Ao mesmo tempo, também se espera maior produtividade dos trabalhadores mais experientes, ou seja, com mais tempo de vida útil de trabalho. O estudo aponta para crescimento médio de 2,31% ao ano na qualidade da população ocupada no mercado de trabalho brasileiro entre o segundo trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2021, pelas contas do IQT. Neste movimento de melhoria da população ocupada, explicam os pesquisadores, há uma questão estrutural – que é o avanço da educação nas gerações mais novas de trabalhadores. Mas também se nota o ritmo mais intenso desse aumento em períodos de recessão, em que os menos qualificados saem do mercado.

Entre o primeiro trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016, a alta média foi de 2,7%. No período entre o quarto trimestre de 2019 e o segundo trimestre de 2020, que inclui o início da pandemia, essa taxa de crescimento foi de 11,9% ao ano. Nas fases de expansão econômica, a variação média ficou entre 0,90% e 1,5% ao ano.

Os autores do estudo apontam que isso reflete a mudança do perfil da população ocupada em épocas de recessão, quando trabalhadores menos qualificados são mais atingidos e deixam o mercado. Com isso, aumenta a parcela dos trabalhadores mais qualificados. Este é um padrão comum em crises, que já tinha sido observado em estudos internacionais e agora foi confirmado com o IQT.

“Quando se fala em produtividade, é muito comum as pessoas olharem só para o número de horas trabalhadas. […] Só que nosso indicador mostra que a qualidade das horas trabalhadas tem uma dinâmica muito diferente do que somente as horas trabalhadas em si. Essas duas coisas combinadas [qualidade e quantidade de horas] têm um efeito muito diferente do que olhar somente para a quantidade de horas trabalhadas”, explica o economista José Ronaldo Souza Júnior, diretor de Macroeconomia do Ipea e um dos autores.

Para se ter uma ideia do impacto dessa análise por grupos demográficos, o número de horas trabalhadas pelas pessoas com ensino superior completo aumentou 11,7% no primeiro trimestre de 2021, em relação ao primeiro trimestre de 2020. Em outros graus de escolaridade, no entanto, houve recuo, como entre os que tem ensino fundamental incompleto (-12,9%), fundamental completo (-6%) e médio completo (-4,1%), considerando a mesma base de comparação. Esses comportamentos diferentes entre os grupos demográficos provocam mudanças, portanto, na produtividade final da economia.

“O Índice de Qualidade do Trabalho é uma medida que nos permite capturar a heterogeneidade na força de trabalho. Qual é o grande ponto nesta questão? A literatura internacional já vem demonstrando isso lá fora e conseguimos demonstrar aqui no Brasil também. Existe um padrão ao longo dos ciclos econômicos de que, em períodos de recessão econômica, as horas trabalhadas reduzem, só que essa redução é proporcionalmente mais forte nos grupos demográficos menos qualificados porque eles são mais sensíveis às variações dos ciclos econômicos. Quando a economia está em baixa, a perda de emprego é proporcionalmente maior nesse grupo”, afirma Cristiano Da Costa Silva, pesquisador visitante do Ipea que também assina o estudo.

“Isso acaba fazendo com que a contribuição do trabalho ou a qualidade da população ocupada aumente nesse período, porque está se perdendo relativamente nesse período mais trabalhadores que são menos qualificados, com menor nível de educação”.

Folha de SP

Ataques de Ciro a Lula incomodam alas do PDT como estratégia inútil e de risco para eleições locais

Presidenciável sofre pressão de correligionários para mudar tom e se reaproximar do petista, mas ele resiste

“Um politiqueiro” que “está completamente antiquado”, fez um governo que “deu pouco aos pobres e muito aos ricos”, é “o maior corruptor da história moderna brasileira”, “não está nem um pingo preocupado com a sorte do Brasil” e ainda “é o responsável pela tragédia do desastrado Bolsonaro”. Essa é a descrição do ex-presidente Lula (PT) em palavras ditas nos últimos meses pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que se prepara para sua quarta candidatura à Presidência da República e, apostando na disputa em 2022 contra o ex-aliado, escolheu como estratégia atacá-lo.

A insatisfação de alas do PDT com a postura, no entanto, deixou os bastidores e começou a vir a público, com queixas de que a beligerância pode tirar de Ciro votos na esquerda, tem efeito limitado na tentativa de representar a terceira via e ainda prejudica a montagem de palanques locais da sigla.

Rompido com o presidenciável e a cúpula do partido, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) expressou, em entrevista à Folha no mês passado, o descontentamento que ele diz se repetir em várias instâncias. “Ciro tem que criticar [Jair] Bolsonaro e parar de atacar Lula”, afirmou.

Segundo a coluna Painel, da Folha, aliados do ex-ministro intensificaram esforços para convencê-lo a mudar a mira de suas armas para o atual ocupante do Planalto, mas o pré-candidato ainda se opõe à alteração, que contaria com a simpatia do publicitário João Santana, ex-marqueteiro de Lula e hoje auxiliar de Ciro. De acordo com pesquisa Datafolha de maio, o pedetista tem 6% de intenções de voto no primeiro turno, em um cenário liderado por Lula (41%), seguido por Bolsonaro (23%).

Após mais uma rodada de alfinetadas do rival, o ex-presidente respondeu há alguns dias que não fará “jogo rasteiro”, confirmando a orientação do PT de ignorar os ataques. Correligionários de Ciro defendem que ele faça uma trégua e se reaproxime do petismo em nome de unidade na esquerda.

Um dos principais focos de resistência ao discurso crítico a Lula está no Nordeste, onde o ex-presidente possui popularidade mais alta que nas demais regiões do país. Membros dos diretórios do PDT em Pernambuco, no Maranhão, na Paraíba e em Sergipe se opõem às provocações.

No Maranhão, por exemplo, o senador Weverton Rocha (PDT) é pré-candidato ao governo do estado e trabalha para ter os apoios de Lula e do governador Flávio Dino (PC do B). Ele disputa a indicação como candidato da base governista com o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e já conseguiu o aval de seis partidos aliados ao governador para a empreitada. Também tem buscado reforçar as pontes com os petistas. Há cerca de um mês, esteve em Brasília em um jantar com Lula, que sinalizou um possível apoio do PT à sua candidatura.

À Folha Weverton afirma que setores do PDT têm “passado do ponto” nas críticas ao ex-presidente e diz apostar em um armistício entre Lula e Ciro até as eleições do próximo ano. “É claro que cada um tem seu estilo. Mas acredito que vai chegar o momento de parar para pensar e, no final, os dois vão acabar chegando a um entendimento. Serei uma das pontes para ajudar nisso”, afirma.

De acordo com o senador, mesmo que PDT e PT tenham seus candidatos próprios ao Planalto, os dois partidos devem mirar no principal adversário, que é Bolsonaro (sem partido): “Por mais que haja diferenças, a hora é de união”.

A dureza do discurso de Ciro também começa a deixar marcas no cenário político de seu estado natal, o Ceará. Encerrando um ciclo de oito anos à frente do governo local, Camilo Santana (PT) tende a apoiar um nome do PDT para a sua sucessão.

A intenção, contudo, esbarra no próprio PT. Diante do acirramento imposto por Ciro, grupos ligados aos deputados federais Luizianne Lins e José Airton Cirilo, ambos do PT, defendem uma candidatura ao governo que garanta um palanque fiel a Lula no Ceará. “Essa agressividade verbal de Ciro com o PT não é de agora. Por isso, defendemos a construção de um palanque para Lula e vamos brigar nas instâncias do partido para isso”, afirma José Airton.

Em caso de candidatura própria do PT, uma das opções seria o próprio José Airton, que já concorreu ao governo cearense em 1998 e 2002, sendo derrotado nas duas oportunidades. Outra alternativa seria apoiar o ex-senador Eunício Oliveira (MDB), que em abril se encontrou com Lula em Brasília e anunciou publicamente apoio ao ex-presidente. Eunício é adversário ferrenho de Ciro desde 2014.

No Sudeste, a estratégia do pré-candidato do PDT já foi questionada por filiados como o ex-deputado federal Miro Teixeira (RJ) e o vice-presidente municipal do partido em São Paulo, Gabriel Cassiano, ligado ao movimento de juventude e entusiasta do projeto político de Ciro.

Miro, que retornou à legenda após oito anos para ajudar a coordenar a pré-campanha do presidenciável, chegou a declarar publicamente discordar do que qualificou como “linha radical contra Lula”, mas amenizou o tom e diz à Folha que compreende a conduta do correligionário. “Eu não a teria, mas passei a entender por que ele a tem”, afirma, elogiando o “padrão de autenticidade” do presidenciável. “É uma postura que ele adotou. Se isso dá certo, eu não sei dizer.”

Na avaliação do ex-parlamentar, Ciro optou por centrar suas críticas em Lula e em Bolsonaro ao mesmo tempo para evitar ser visto como alguém que não é competitivo. “Ele bate nos dois. Está na postura de ser a primeira via. Ele não se apresenta como cauda de cometa, mas como um candidato preferencial.”

Cassiano foi às redes sociais no mês passado endossar a posição de Gadêlha e o direito do pernambucano “de fazer críticas construtivas a Ciro e discordar do rumo político que tem tomado”. “Eu mesmo, como árduo cirista, até mais que trabalhista, tenho visto com ceticismo e baixa vantagem Ciro criticar, com razão, mas sem muita dosagem, os erros do PT e do ex-presidente Lula”, escreveu o dirigente da sigla, que não enxerga na estratégia nenhum benefício para a campanha.

Cassiano, que foi candidato a deputado estadual em 2018 e a vereador em 2020, afirmou à Folha divergir da eficácia da tática de explorar o antipetismo para atrair bolsonaristas arrependidos. “Ele pensa que consegue ir para o segundo turno contra o Lula. Só que acho que essa equação não funciona.” “O Bolsonaro tem um eleitorado muito consolidado, e o Lula também. É muito difícil uma terceira via alcançar votos suficientes para ultrapassar um dos dois. Acho uma estratégia equivocada. Este momento deveria ser de concentração de forças para a unidade do campo da esquerda popular.”

Favorável a uma aliança de Ciro com o PT, Cassiano colhe assinaturas em uma carta para ser levada ao pedetista pregando a conciliação entre as partes. “Para mim, a única forma de o Ciro chegar à Presidência no futuro é fazer um acordo político com o PT. Ele pode ser o vice.”

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, tem minimizado as pressões internas e dito que são manifestações isoladas. Alinhado ao pré-candidato, Lupi também acredita que Bolsonaro possa ficar fora do segundo turno, o que justificaria as “críticas substantivas” de Ciro a Lula.

Ciro iniciou com mais ênfase o movimento de afastamento do PT na eleição de 2018, ao não embarcar na campanha de Fernando Haddad no segundo turno, que teve Bolsonaro como vencedor. Naquele pleito, o pedetista terminou em terceiro lugar, com 13 milhões de votos (12% dos válidos).

Mesmo com as críticas domésticas à sua postura e as possíveis arestas na construção de palanques regionais, Ciro disse na quinta-feira (10) que se sente responsável por “falar a verdade para a população brasileira” e que deve manter o tom das críticas a Lula. “Vou arcar com as responsabilidades e consequências da minha posição. Eu ajudei o Lula, pouca gente ajudou o Lula como eu ajudei. Eu tenho uma certa coerência. Mas o Lula infelizmente não tem mais energia, não tem mais nenhuma novidade, o Lula está tomado de ódio”, afirmou à Folha.

Folha de SP

Lula compara máscara a cabresto, mas diz que a usa para se diferenciar de ‘genocida’

Petista diz que Bolsonaro está corrompendo militares e criando estado militarizado

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou neste sábado (12) o presidente Jair Bolsonaro de estar corrompendo ideologicamente militares com cargos em seu governo. O petista também comparou a máscara a um cabresto, mas, defendendo as medidas de prevenção à Covid-19, disse que a usa para se diferenciar de Bolsonaro, a quem chamou de genocida.

Em reunião com líderes comunitários no Rio de Janeiro, o ex-presidente relatou dificuldades de falar com a máscara. A uma plateia de cerca de 40 pessoas, todos de máscara, Lula disse que poderia parecer “bravo”. Mas se justificou em seguida.

“Não consigo falar com a máscara. Na verdade, a máscara é um cabresto. Estou com um cabresto aqui. Mas eu uso ela e falo mesmo incomodado para mostrar a diferença nossa do genocida que governa este país”, discursou, referindo-se ao arreio utilizado para controle da marcha de animais.

O petista disse ainda que, com o uso da máscara, pretendia reforçar a necessidade das medidas de combate à pandemia no Brasil. Embora estivesse em uma sala ventilada, de portas e grandes janelas abertas e com distanciamento entre os presentes, Lula admitiu que ali havia gente demais. “Temos que evitar concentrações. Acho que tem até gente demais aqui. Mas não tem como também…”.

Afirmando que o governo adota práticas antidemocráticas, Lula disse que o presidente desautorizou as Forças Armadas ao interceder para que o ex-ministro Eduardo Pazuello não fosse punido após participar de manifestação política ao lado de Bolsonaro, no Rio.

O regulamento disciplinar do Exército proíbe a manifestação de natureza político-partidária de militares da ativa. General da ativa, Pazuello esteve no ato no último dia 23 e, sem máscara, subiu no carro de som ao lado do presidente.

Segundo Lula, “levar o Pazuello para dentro o armário dele, para escondê-lo de uma punição das Forças Armadas, é uma afronta grave que o presidente da República não poderia fazer”. Lula lamentou o que chamou de deformação do uso das Forças Armadas.”Bolsonaro está corrompendo ideologicamente os militares, enchendo de militares dentro do palácio, coisa que não precisa”, afirmou o petista.

Na opinião do ex-presidente, Bolsonaro quer criar um Estado militarizado. Por isso, diz o petista, Bolsonaro ampliou o acesso às armas. “O Bolsonaro nunca se preparou para ser presidente deste país. Ele não tinha dimensão do tamanho do cargo. Ele quer criar um aparato próprio. Ele não quer um partido político onde possa debater democraticamente. Ele fomenta diariamente os milicianos dele. É triste para o Brasil, é perigoso para o país”, afirmou Lula, em entrevista concedida após o encontro com parlamentares e líderes comunitários. No fim da tarde, o ex-presidente se reuniu com artistas no mesmo hotel da zona sul carioca.

Desde quinta-feira (10) no Rio, Lula cumpriu uma agenda que incluiu encontros com o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) e o prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT), além de um almoço com o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM).

Apesar de afirmar que ainda não se decidiu sobre uma candidatura à Presidência em 2022, Lula se disse disposto para a luta. “Se decidir, quando for tempo certo, pela candidatura, quero dizer para vocês: vou ser candidato, derrubar o Bolsonaro, ganhar as eleições dele. Ele pode até correr para não passar a faixa. Quem vai colocar a faixa é o povo brasileiro.”

Na passagem pelo Rio, Lula se reuniu com ex-pedetistas, antigos correligionários do ex-governador Leonel Brizola. Em conversas, lamentou o distanciamento do ex-ministro Ciro Gomes, potencial candidato do PDT à Presidência. Indagado em entrevista se esperava uma reaproximação, Lula disse que, apesar das críticas desferidas pelo ex-ministro, tem respeito e admiração por Ciro. “Jamais trataremos o PDT como inimigo”, afirmou.

Valor

Ato bolsonarista no sábado em SP reforça clima de campanha Presidente e ministros foram multados por não usarem máscara

O presidente Jair Bolsonaro conseguiu no último sábado reunir milhares de apoiadores em uma “motociata” em São Paulo. O evento, com tom eleitoral, produziu imagens mostrando uma multidão seguindo um cortejo que começou às 10 horas da manhã na zona norte de São Paulo, deslocou-se até a entrada da cidade de Jundiaí (SP), 60 quilômetros ao norte da capital, e terminou no início da tarde no movimento das Bandeiras, enfrente ao Parque do Ibirapuera. De acordo com estimativa do governo paulista, a movimentação reuniu 12 mil motociclistas.

O presidente e a oposição fazem uma disputa de ruas no Brasil. Antes do evento de anteontem, Bolsonaro já havia feito um cortejo de motocilistas em Brasília e outro no Rio de Janeiro, no último dia 23, ocasião em que uma crise militar foi provocado quando o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, subiu em seu palanque A oposição realizou atos em todo o País no dia 29, também reunindo multidões. Promete repetir o feito na próxima semana. Já há convocatórias na internet para um novo ato bolsonarista na semana seguinte. Tanto Bolsonaro quanto a oposição, por diferentes motivos, antecipam o calendário eleitoral.

No seu discurso de anteontem, embora tenha afirmado não estar em campanha, mas sim “prestando contas à população”, Bolsonaro pediu votos de forma indireta, ao dizer que pretende “entregar lá na frente, bem lá na frente, um governo melhor”. Estava ladeado pelo único ministro paulistano de seu governo, o do Meio Ambiente Ricardo Salles, mas quem teve tratamento de candidato foi o da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Uma claque puxou o coro de “governador, governador”.

Sem máscaras, tanto Bolsonaro quanto Tarcísio e Salles foram multados pelo governo paulista pela falta do equipamento. O presidente foi assertivo ao falar dos policiais militares. “Os nossos policiais, muito obrigado, vocês são forças auxiliares das Forças Armadas e tenho certeza que, no cumprimento da lei e da ordem e dos dispositivos constitucionais, estaremos juntos aconteça o que acontecer”.

 A organização do ato ficou a cargo de evangélicos e empresários, como Jackson Vilar, comerciante e pastor da Assembleia de Deus, que atraiu militantes prometendo o sorteio de uma moto, o Conselho de Pastores do Estado de São Paulo e parlamentares. A manifestação é chamada de “Acelera para Cristo com Bolsonaro” e foi pensada para substituir a “Marcha para Jesus”, maior ato evangélico do país nas ruas adiada para novembro por causa da pandemia.

Valor

CPI da Covid desvia foco para empresas

Senadores investigam intermediação na aquisição da Covaxin e lobby em favor da cloroquina

A CPI da Covid entrou numa nova fase e vai “seguir o dinheiro” empenhado pelo governo federal na pandemia. O objetivo é apurar se a gestão Jair Bolsonaro atuou para favorecer empresas farmacêuticas ou intermediários próximos à família do presidente. A investigação mira, principalmente, na compra da vacina indiana Covaxin e no “lobby” que favoreceu produtores de cloroquina. Uma das finalidades é saber se integrantes do Executivo cometeram crimes como advocacia administrativa, tráfico de influência ou até desvio de recursos públicos.

A investida está sendo capitaneada pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Os primeiros passos já foram dados com a aprovação de uma série de quebras de sigilo telefônico e telemático. Uma delas atingiu Francisco Maximiano, executivo da Precisa Medicamentos, empresa que atua como representante do laboratório indiano no Brasil.

O que chamou atenção dos senadores foi a “mudança de comportamento” do governo em relação a Covaxin. No dia 8 de janeiro deste ano, Jair Bolsonaro tomou a iniciativa de escrever uma carta ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para tratar do assunto. No documento, disse que “entre as vacinas selecionadas pelo governo brasileiro encontram-se aquelas da empresa indiana Bharat Biotech(Covaxin)”.

Para os senadores, isso mostrou empenho pessoal do presidente. Acontece que, naquele momento, Bolsonaro já havia ignorado uma dezena de ofertas feitas pela Pfizer e pelo Instituto Butantan (CoronaVac). A empresa norteamericana, por exemplo, não havia conseguido sequer assinar um contrato com o governo brasileiro na época. Além disso, a Covaxin era a única vacina que contava com um “intermediário” na negociação, a Precisa Medicamentos. Todos os outros imunizantes faziam negociação direta.

Dois dias antes do envio desse telegrama, a embaixada do Brasil em Nova Delhi, capital da Índia, recebeu uma “delegação” de representantes da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) para tratar da importação do imunizante da Bharat Biotech. Segundo o telegrama do Itamaraty, o sócio da Precisa, Francisco Maximiano, estava entre os integrantes do grupo.

A diplomacia brasileira registra que, na conversa, ele defendeu a compra da Covaxin como forma de “romper o oligopólio” formado por GSK, Pfizer e Sanofi. Nesse encontro, diz o documento obtido CPI da Covid, o representante da Precisa teria mencionado “conversas” com o Ministério da Economia sobre a “eventual” abertura de crédito para que as clínicas privadas pudessem adquirir vacinas, o que nunca chegou a ser anunciado.

A Precisa é sócia da Global Gestão em Saúde S/A, que tem uma dívida de R$ 19,9 milhões com o Ministério da Saúde. Em 2017, a Global venceu uma licitação federal para fornecer medicamentos para doenças raras, mas nunca entregou os remédios. Por isso, a empresa é alvo de ação por parte do MPF, que também acionou o então titular da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), hoje líder do governo na Câmara. Mesmo assim, o governo Bolsonaro fechou contrato com a Precisa Medicamentos, em 22 de fevereiro deste ano, para o fornecimento de 20 milhões de doses da Covaxin a um custo total de R$ 1,6 bilhão.

O acordo foi feito quatro meses antes de a Anvisa aprovar, com restrições, o pedido de importação do imunizante indiano, o que só aconteceu há poucos dias. Além disso, segundo relatório do TCU, a Covaxin teve o custo unitário mais alto entre todas as vacinas contratadas: R$ 80,70 cada. Questionada, a Precisa afirmou que não recebeu auxílio por parte do governo federal e nunca exigiu pagamento antecipado.

Além disso, a empresa explicou que o preço estabelecido pela Bharat Biotech para o Brasil é o menor praticado no mercado internacional. Outra frente de atuação da CPI é a produção de cloroquina. Um dos alvos é a Apsen Farmacêutica, uma das maiores produtoras do medicamento. O presidente da empresa, Renato Spallicci, é conhecido pela militância bolsonarista e foi convocado para depor à comissão.

A Apsen teve dois financiamentos aprovados pelo BNDES somente em 2020. O primeiro foi antes da pandemia, em fevereiro, e o segundo em junho. Apesar disso, o banco diz que as tratativas começaram antes de agosto de 2019. Questionada, a Apsen disse que é apartidária, não apoia nenhum partido ou figura política e que todas as interações da companhia se dão “por meios legais”.