CNM/CUT leva experiência da Câmara Setorial aos metalúrgicos do México

Na última semana, o secretário-geral da CNM/CUT, João Cayres, esteve no México a convite da Fundação Friedrich Erbert (FES) e da Faculdade de Economia da Universidade Autônoma de Puebla para participar de um seminário junto a sindicatos que representam trabalhadores nas montadoras do país e para uma palestra na universidade. Diferentemente do Brasil, no México os sindicato são por empresa e não por base territorial.

Durante o seminário, organizado pela FES, o professor Dr. Huberto Juarez, da Universidade de Puebla, fez uma apresentação sobre a indústria automobilística mexicana e João Cayres sobre a indústria automobilística brasileira. “O objetivo era fazer um comparativo das duas indústrias para que os companheiros mexicanos pudessem entender as distintas realidades nos dois países.”

Cayres afirmou que outro objetivo do seminário foi o de unificar os sindicatos mexicanos em torno de uma política para o setor, a partir do exemplo do Brasil, com o acordo da Câmara Setorial Automobilística. “Foi o pontapé para o crescimento do setor, que hoje é um dos mais importantes do mundo.”

Após as duas apresentações, os participantes – impressionados com os efeitos da Câmara Setorial – saíram do evento unificados e com o objetivo de construir algo parecido.

O secretário-geral da Confederação lembrou que o México produz mais de dois milhões de veículos, mas identificou que o maior problema enfrentado é que a maior parte acaba destinada para exportação. “O mercado interno está estagnado em 500 mil veículos há mais de 20 anos. O Brasil também ficou mais de dez anos estagnado em um milhão de veículos, mas a partir do acordo, passou dos dois milhões e caminhamos para três milhões.”

Por isso, uma parte do debate se deu em torno da fomentação do mercado interno mexicano. Para João, a ideia do carro popular surgida no acordo da Câmara Setorial no Brasil pode ser um dos caminhos a ser perseguido.

Palestra
Em sua participação como palestrante na Universidade de Puebla, João Cayres fez apresentou o papel dos sindicatos no desenvolvimento de uma política econômica e social no Brasil, para um público de professores, alunos e também trabalhadores na Volkswagen na cidade.

“Fiz um resgate histórico do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, desde a época das greves com Lula à frente do Sindicato, onde lutamos não só pela questão salarial, mas também contra a ditadura militar, passando pela criação do PT, da CUT, CNM e Federações. Também abordei as nossas intervenções na política econômica e social, como no caso da Câmara Setorial Automobilística, nos debates da recomposição do poder de compra do salário mínimo, da correção da tabela do imposto de renda, política industrial, etc.”

Ele destaca que outro ponto importante da viagem ao México foi o encontro realizado com Pete DeMay, assessor especial do sindicato metalúrgico estadunidense UAW, para assuntos no México. “Aproveitamos para fazer uma reunião em que debatemos a criação de uma ação de solidariedade para os companheiros mexicanos. A indústria de carros no México está pagando salários cada vez mais baixos. Devido à falta de organização dos sindicatos, as empresas fecham totalmente e depois contratam novas pessoas com salários inferiores. Isto já aconteceu com a Volks em Puebla e, mais recentemente, com a Ford em Cuatitlán.”

Ele comenta que um caso assustador é o da Honda, que apesar de fazer o CR-V, um carro caro, o salário pago é de apenas US$ 250. Um valor menor que o salário mínimo brasileiro por mês. “Conversando com o pessoal da Honda, me disseram que trabalham durante o dia na montadora e nos fins de semana trabalham como garçons, pois o salário é baixo e não dá pra sustentar a família”, finalizou.

Da CNM/CUT