Comitês garantem conquistas com organização dos trabalhadores

A criação dos Comitês Sindicais de Empresa, os CSEs, pelos metalúrgicos do ABC em 1999, levou o Sindicato para dentro das fábricas e garantiu a organização dos companheiros em seu próprio local de trabalho.

Isto levou a conquistas como redução de jornada de trabalho, PLRs melhores, sábados alternados, estabilidade, plano de cargos e salários, fim da rotatividade, inclusão de mulheres e outros avanços.

Para os dirigentes eleitos, porém, a mais importante conquista é a democracia no chão de fábrica que os CSEs proporcionam e que garante a manutenção destas vitórias.

Conheça quatro histórias de CSEs que mudaram a realidade dos metalúrgicos do ABC nas fábricas.

Comitê Sindical na Samot, em São Bernardo

Desde 2005, Gilmar de Souza Costa é membro do CSE na Samot. “Muita coisa mudou com a chegada do Comitê”, disse.

 “O CSE conquistou o respeito dos trabalhadores e isso respaldou nossas negociações com a empresa”, prosseguiu.

A partir do Comitê, os companheiros na Samot começaram a realizar plenárias na Sede e construíram uma pauta de reivindicações de forma coletiva.

“Com a maior frequência dos trabalhadores no Sindicato, convencemos a empresa que manter o diálogo é democrático e necessário’’, disse.

Formação

‘‘A partir daí, negociamos o plano de cargos e salários que está sendo implantado e já contemplou um terço dos trabalhadores na fábrica”, explicou Gilmar.

Para ele, a formação dos dirigentes é fundamental para encontrar soluções diante dos problemas do dia a dia.

“O peso da cobrança na fábrica é compensado pela formação que recebemos nos cursos do Sindicato”, concluiu.

O companheiro Francisco Pinho de Araújo, o Chiquinho, que esteve à frente da representação na fábrica desde o início, está em processo de aposentadoria.

Nas eleições deste ano, concorrem ao Comitê, além de Gilmar, Paulo Sérgio, Maria do Amparo e Elvis, dobrando os integrantes do CSE.

Comitê Sindical na Delga, em Diadema

Claudionor Vieira do Nascimento, que representa os trabalhadores na Delga há quase dez anos, armou que o CSE democratiza as relações de trabalho na empresa.

Segundo ele, tudo que a Delga quer implantar ou qualquer mudança na fábrica é negociado com o Comitê. “Chegamos a um patamar de respeito ao nosso trabalho que mesmo nas negociações econômicas garantimos conquistas sociais”, explicou.

Uma delas veio com o acordo de PLR do ano passado, que incluiu a manutenção dos empregos até 2015.

Longo prazo

“Foi uma vitória de todos os companheiros porque pudemos preservar os empregos em acordos de longo prazo”, destacou.

Os metalúrgicos na Delga também têm garantidas 40 horas semanais, política de cargos e salários e participação no Programa Trabalho e Cidadania.

Além de Claudionor, que também é coordenador de área em Diadema, compõem o CSE na Delga Adão Gonçalves Goveia, Adeildo da Silva Jordão, o Bigode, e Flávio Antunes Ferreira.

Com exceção do Bigode, que alterna a vaga com Antonio Lucivaldo, o Cearazinho, os demais concorrem na eleição do Sindicato.

“Temos essa política de alternância para que todos possam ter oportunidade de conhecer as possibilidades e os limites da representação”, finalizou Claudionor.

Comitê Sindical na Ouro Fino, em Ribeirão Pires

Edmiro Dias de Castro, o Miro, representa os trabalhadores na Ouro Fino, em Ribeirão Pires desde 2008.

“Antes do Comitê, a relação com a empresa era muito difícil.

Eles colocavam o aviso no quadro e já era. Não podia questionar nada”, relembrou Miro.

“Hoje é bem diferente, tem organização na fábrica”, relatou o dirigente. “O trabalhador tem informação, qualquer problema a gente faz uma assembleia, explica e tudo é votado. É mais democrático”, continuou.

O representante destacou a conquista da redução de jornada de trabalho, com a implantação de mais um turno, como a principal vitória deste modelo de representação pelo CSE.

 “Alguns achavam que a gente não ia conseguir, mas hoje a redução da jornada é uma realidade”, garantiu Miro.

Coragem

Ele afirmou que os companheiros procuram o CSE para tudo porque confiam na representação e no respaldo que o Comitê possui por ser o Sindicato dentro da fábrica. “A gente é meio advogado, meio psicólogo”, brincou.

 

Da Redação