Conteúdo Nacional: o Brasil não pode abrir mão dele
(Foto: Adonis Giuerra)
O presidente do Sindicato, Rafael Marques, avaliou a continuidade das políticas que esti-mulam o conteúdo nacional como um fator de geração de emprego no Brasil.
Segundo ele, especialmente nos últimos anos, a estruturação destas políticas aconteceu em função das mobilizações do Sindicato, que resultou no Plano Brasil Maior.
Além disso, a mudança de visão do papel da Petrobras para o desenvolvimento do País contribuiu para aumentar o número de empresas fornecedoras brasileiras para o negócio de petróleo e gás.
“Essa política vem se consolidando, como no Regime Automotivo, o Inovar-Auto, no fortalecimento de setores como ferramentaria, engenharia e autopeça”, destacou o presidente.
Para Rafael, o retorno às origens do BNDES, criado com a missão de promover o desen-volvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, com geração de emprego e redução das desigualdades sociais e regionais, também tem representado um importante indutor dessas ações.
“O BNDES financia, por meio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, determinados investimentos, que devem retornar aos trabalhadores na geração de novos postos de trabalho e renda”, afirmou.
“Os índices de exigência de produção local, seja no setor automotivo, no sistema de petró-leo e gás, no setor de energia, em concessões, têm sido responsáveis pelo crescimento nos investimentos, que gerou emprego, renda e trouxe empresas para o Brasil”, completou.
O presidente dos Metalúrgicos do ABC ressaltou que as políticas de incentivos só não obtiveram resultados de maior impacto na sociedade por duas questões fundamentais: o câmbio e a crise internacional.
“O câmbio brasileiro poderia ter sido muito mais atrativo e, com isso, a competitividade do setor industrial brasileiro teria sido maior, o que poderia somado ao conteúdo nacional, alavancar os resultados de emprego e renda”, defendeu.
“A crise mundial acirrou a disputa entre mercados e a indústria nacional é a que tem perdido mais espaço nessa competição”.
“Queremos olhar o Brasil a partir da retomada e na retomada manter o conteúdo nacional como uma política fundamental para a geração dos postos de trabalho”, ressaltou Rafael.
Dados apresentados pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, a Abimaq, mostram que substituir R$ 10 bilhões nas importações de máquinas por equipamentos na-cionais, geram cerca de 280 mil empregos, na cadeia direta, indireta e de emprego induzido.
“O investimento é uma carência brasileira e o conteúdo nacional é a garantia de que quan-do retomarem os financiamentos, a riqueza ficará no País. E a riqueza é o que? É emprego, é renda para o trabalhador brasileiro”, avaliou.
Rafael afirmou ainda que as empresas devem ter esse compromisso com metas de eficiência, mas de desenvolvimento de tecnologias no País em que atua.
“O conteúdo nacional faz bem para o Brasil, faz bem para o projeto de País que defende-mos, faz bem para o peão na fábrica”, disse.
Ele alertou sobre a falta de compromisso da atual direção da Petrobras com o conteúdo nacional e para o fato de o BNDES já sinalizar para reduções de exigências de conteúdo nacional naquilo que ele financia.
“O programa de concessões que o Temer está planejando de ferrovias, de estradas, de aeroportos, não está levando em conta o conteúdo nacional”, lamentou.
Outra questão destacada por Rafael é a prática dessas exigências mínimas de conteúdo nacional em todos os países do mundo.
“Qualquer país decente, que olha para o seu povo de uma maneira digna, pratica esse tipo de política. Todos os países do mundo têm conteúdo nacional. O Brasil não pode abrir mão dele”, concluiu.
Da Redação