Estudo aponta risco de elitização do carro elétrico

Análise sobre posição do Brasil na eletrificação de carros aponta ainda que riscos são perda de empregos, continuidade de produção de carros poluidores e dependência externa

Se os caminhos da indústria brasileira e da transformação digital do século XXI não forem orientados para a mobilidade urbana inclusiva e com redução de desigualdades, a tendência é de retrocessos. Os principais riscos são perda de empregos, continuidade de produção de carros poluidores, dependência externa para o fornecimento de veículos elétricos, maior elitização do automóvel e falência do sistema de transporte público atual.

Os alertas estão no estudo “Transição da Indústria Automotiva Brasileira” feito por pesquisadores do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), ONG fundada em 2006 com foco na análise de sistemas de transporte e energia sustentáveis. O trabalho procura identificar os desafios e a transição da indústria automotiva no Brasil para contribuir com mobilidade inclusiva, de baixa emissão e com empregos.

A análise foi feita com base em entrevistas com representantes do setor e pesquisa documental entre janeiro e março. Foram ouvidos integrantes da indústria automobilística e de equipamentos, de transporte público e gestores de mobilidade. A lupa sobre o setor no Brasil faz parte de um estudo maior coordenado pela Fundação Rosa Luxemburgo e inclui análises na Itália, Hungria, México, República Tcheca, Sérvia e Eslováquia.

Outro alerta do estudo, diz Renato Boareto, pesquisador e co-autor, é que o processo de eletrificação do país deve estar em sintonia com a produção industrial. “Se a indústria não responder na mesma velocidade, há o risco de exportarmos empregos e importarmos veículos prontos, caros e de luxo.”

Do Valor Econômico