Exportação de carro desmontado cresce de 23,7% para 36,3%
O Brasil retomou o nível pré-crise na exportação de automóveis e comerciais leves em quantidade, mas, com uma maior participação dos carros desmontados, que têm menor valor agregado, ainda não atingiu o mesmo patamar em valor. A fatia dos CKDs (“complete knock-down”), que consistem em um kit com as peças para a montagem do veículo no país de destino, passou de 23,7% em 2008 para 36,3% neste ano.
No acumulado de janeiro a setembro, 542,3 mil unidades foram vendidas para o mercado externo, superando em 2,3% o montante do mesmo intervalo no ano do agravamento da crise internacional. Em valor (US$ 3,84 bilhões), ainda há queda, de 13,4%. “O melhor é crescer com montados, sem dúvida nenhuma. Quando exportamos veículos montados, estamos colocando conteúdo, agregando o trabalho completo”, avalia o presidente da Anfavea (associação das montadoras), Cledorvino Belini.
O executivo destacou ainda que as exportações de veículos já prontos, o que engloba ainda caminhões e ônibus, representavam 30% da produção em 2005, patamar que caiu para 14% nos nove primeiros meses deste ano.
Segundo a entidade, as vendas de CKD em 2010 se concentram na África do Sul, principalmente em carros enviados pela Volkswagen. Por meio de sua assessoria de imprensa, a montadora disse que está “observando um movimento de retomada dos principais mercados mundiais de exportação, como é o caso específico da África do Sul” e que, neste ano, “aumentará seu volume de exportações também em veículos montados”.
Com esse impulso, a participação do país nas exportações totais saltou de 9,8% em 2008 para 25% neste ano.
Outra grande parte de desmontados vai para a Argentina, que, junto com o México, tem isenção no Imposto de Importação -em ambos os lados- devido a um acordo. “O risco futuro é que o CKD se transforme em nada”, afirma Marcelo Cioffi, sócio da PricewaterhouseCoopers, referindo-se à possibilidade de que os veículos comecem a ser produzidos já no destino. Uma das variáveis da equação é o custo da mão de obra local para esse trabalho.
O analista destaca, no entanto, que o relacionamento e a qualidade dos fornecedores também pesam nessa conta. “Para a montadora, faz sentido o que for agregar mais valor para o acionista.”
O novo mapa das exportações mostra ainda a redução na participação de países europeus, como Alemanha, Itália e França, mercados considerados já maduros pelo setor automotivo. Euler Ervilha, gerente de exportações da Fiat América Latina, aponta dois gargalos para as montadoras instaladas no país: a valorização do real e os custos de logística. “Em alguns casos, o mesmo produto fabricado na Europa ou na Argentina consegue chegar ao Chile ou à Colômbia com preços mais competitivos do que o produzido no Brasil”, exemplifica.
Da FEM, com informações da Folha de S. Paulo