Fim do acordo com o México preocupa Sindicato

O encerramento do acordo bilateral para o setor automotivo entre Brasil e México previsto para março de 2015 tem preocupado a direção dos Metalúrgicos do ABC.

“No final da década de 90, a massa salarial dos trabalha dores mexicanos na indústria automotiva era maior que a massa dos brasileiros”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques (foto).

Segundo ele, nos últimos dez anos a categoria conquistou aumentos salariais significativos no Brasil, enquanto naquele país aconteceu o inverso.

“O que estamos percebendo é uma decadência nos salários mexicanos, o que está levando a população mesmo empregada a não ter ascensão social e, o que é pior, ao empobrecimento principalmente entre os jovens”, lamentou o presidente.

“Essa política de arrocho salarial no México é fatal”, acrescentou.

Para Rafael, a política de arrocho instituída no México põe em risco o crescimento da indústria automotiva no Brasil, impulsionado pelo novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto.

“Se o acordo entre os dois países não garantir, no mínimo, a manutenção das cotas de exportação e importação, como estabelecidas atualmente, estaremos em uma situação de competitividade desigual”, esclareceu.

“O Sindicato está preocupado e fará o que for preciso para evitar que a precarização do trabalho seja moeda de troca para o desenvolvimento industrial”, completou.

O presidente destacou ainda, que a participação dos Metalúrgicos do ABC, em fóruns mundiais de trabalha dores poderá estabelecer uma ação internacional conjunta e solidária.

“Em países europeus que enfrentam a crise financeira internacional, como a Itália, por exemplo, os acordos coletivos têm apresentado perdas em cláusulas sociais e econômicas”, alertou.

“Metalúrgicos devem se unir contra a precarização do trabalho no mundo”, diz Rafael

O presidente do Sindicato, Rafael Marques, e a comitiva da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), a maior cen­tral sindical da Itália, e da ONG Nexus Emilia Romagna (foto), discutiram a proposta de cons­truir um acordo de cooperação internacional entre as centrais sindicais do Brasil, da Itália e da Alemanha, em reunião no final do ano passado. (Tribuna edição de nº 3640)

“Há uma tendência de pre­carização do mercado de traba­lho no mundo, especialmente onde as empresas são muito articuladas e contam com o apoio do governo”, afirmou Rafael.

“Precisamos de uma agenda internacional comum porque as entidades sindicais não vão dar conta de lutar sozinhas”, prosseguiu.

A presidente da ONG Nexus e chefe do Departamento de Políticas Internacionais e de Cooperação da CGIL, Sandra Pareschi, chamou a atenção para a falta de representação de trabalhadores na Itália. “A indústria está desmanchando todo o sistema de proteção social construído em mais de dois séculos e as cooperativas estão atuando como empreen­dimentos capitalistas”, contou a dirigente.

“O cenário é de retrocesso das cláusulas salariais e sociais”, completou.

O objetivo é promover um acordo entre DGB, principal central sindical alemã, e IG Metall, da Alemanha, FIOM/CGIL, da Itália, e CNM/CUT, do Brasil. Além das centrais, a ideia é buscar acordos entre as regiões do ABC, da Emilia Romagna, na Itália, e de Han­nover, na Alemanha.

“Queremos trabalhar projetos concretos que passem por ne­gociações do setor automotivo e aprofundem temas como a economia solidária”, afirmou Sandra.

“O trabalho é para que a agenda de defesa do salário, dos direitos e do trabalho prospere no mundo. É importante a participação em fóruns inter­nacionais para fortalecer a luta e a identidade dos metalúrgicos”, concluiu Rafael.

Da Redação