Ford Caminhões comemora alta produtividade

Fábrica de São Bernardo monta 22 veículos por hora

Mais do que festejar 10 anos de produção de caminhões em São Bernardo do Campo, a Ford comemora a alta produtividade alcançada por seu peculiar sistema modular externo, com fornecedores que enviam à fábrica do ABC paulista grandes partes prontas e montadas, que se encontram todas na linha de montagem final no frenético ritmo de 1 caminhão produzido a cada 2 minutos e 40 segundos, ou 22 unidades por hora.

O sistema, que terceiriza a produção de grandes módulos, permitiu à Ford sensíveis economias de recursos e ganhos de escala. Com necessidade menor de investimentos em manufatura, a marca conseguiu se manter viva e competitiva no segmento de veículos comerciais pesados, depois que transferiu, em 2001, sua produção de caminhões da velha fábrica do bairro do Ipiranga, em São Paulo, para São Bernardo.

A estratégia provou ser acertada: nestes dez anos a produtividade mais que dobrou, saltando de 23 mil para 48 mil unidades/ano atualmente, em apenas um turno de trabalho – algo que pode ser ampliado brevemente com o crescimento expressivo do mercado. Também saem de São Bernardo 4 mil caminhões por ano totalmente desmontados (CKD), que são exportados para montagem na Venezuela.

“Hoje temos em São Bernardo uma estrutura completa de manufatura e engenharia encarregada de produzir uma ampla linha de veículos comerciais, desde picapes da Série F até os médios e pesados da família Cargo”, ressaltou Osvaldo Jardim, diretor de operações de caminhões da Ford América do Sul, em seu discurso na solenidade que marcou os dez anos de produção da planta do ABC, nesta terça-feira, 17. Ele lembrou que a unidade brasileira é hoje uma referência mundial do grupo para caminhões – que a empresa só produz no Brasil, Turquia e em CKD na Venezuela.

Jardim também destacou a importante participação de fornecedores-chave no sistema modular de produção: as cabines, por exemplo, são estampadas, soldadas e pintadas pela Automotiva Usiminas em Pouso Alegre (MG) e chegam prontas a São Bernardo, onde recebem os motores da Cummins, as transmissões da Eaton e os eixos da Meritor, entre outros componentes montados antecipadamente, fora da fábrica. “Em vez de ocupar espaço na linha, as peças ficam no setor que chamamos internamente de ‘supermercado’ e são enviadas à produção conforme a necessidade”, explica o diretor.

Ao fim da linha de produção a unidade introduziu, em 2007, outra inovação: o ModCenter, ou centro de modificações, operado em conjunto com a Randon Implementos, que executa diversos tipos de intervenções nos caminhões de acordo com necessidades individuais de cada cliente. É o único centro desse tipo no País que opera dentro da própria unidade de fabricação, com a vantagem de evitar a circulação de veículos zero-quilômetro entre a fábrica e os implementadores, o que também agiliza as modificações requeridas.

Investimento
A fábrica de caminhões da Ford passa atualmente por um programa de investimento de R$ 670 milhões, para o período 2009-2013. Boa parte dos recursos já foram aplicados no desenvolvimento e recente lançamento da nova linha Cargo, agora oferecido em onze versões diferentes, incluindo cinco cabine-leito. Para fazer as novas cabines na Automotiva Usiminas, ambas as empresas investiram em conjunto R$ 90 milhões na unidade mineira (R$ 50 milhões vieram da Ford).

Marcos de Oliveira, presidente da Ford Mercosul, destacou em seu discurso que a empresa ganhou produtividade e competitividade com seu sistema modular, por isso os investimentos foram retomados. A fábrica tem hoje 150 engenheiros dedicados ao segmento de caminhões e o novo Cargo foi totalmente desenvolvido pela engenharia brasileira. O produto gerou a contratação de mais 100 empregados e, com isso, a operação de caminhões em São Bernardo soma hoje 4,8 mil pessoas entre trabalhadores da manufatura e setores administrativos.

A Ford é a terceira marca de caminhões mais vendida do mercado brasileiro, com participação que varia de 17% a 18% das vendas do segmento, mas espera aumentar essa fatia com o novo Cargo, que ampliou sua atuação com as novas versões.

Da Automotive Business