Futebol e prostituição juntos na Copa do Mundo
Entidades denunciam o recrutamento de mulheres para a Alemanha. Tráfico com a prostituição rende R$ 162 bilhões por ano
Representantes de organizações sociais estão em alerta na Alemanha desde que começou a movimentação para a Copa do Mundo 2006. A Coalizão Internacional contra o Tráfico de Pessoas e a Prostituição (Catw) denunciou a existência de uma rede criminosa que teria se criado no país anfitrião, relacionada principalmente ao tráfico de mulheres, já que mais de sete milhões de visitantes (principalmente homens) eram esperados nas 12 cidades alemãs que hospedam os jogos da Copa. Num país onde a prostituição é legalizada desde 2002, os empresários do sexo ampliaram bastante o recrutamento de prostitutas.
Em Colônia, uma das sedes de partidas da Copa, o bordel Velho Pacha foi reformado para o período. Armin Lobscheid, diretor-adjunto do estabelecimento, admitiu à imprensa internacional ter realizado um “grande investimento”, pois é “óbvio que há mais prostituição durante os grandes eventos”.
Lobscheid sabe que uma oportunidade como essa não aparece duas vezes: dos 140 quartos do bordel, em média só 90 são ocupados por semana. “São 100 a 110 nos finais de semana”, conta o diretor, que espera casa cheia durante toda a Copa.
Existem três outros Velho Pacha na Alemanha, e em todas as cidades mobilizadas para a Copa os responsáveis pelo “empreendedorismo do sexo” se preparam e esperam mulheres e clientes do mundo inteiro.
Embora a expectativa de que 40 mil prostitutas chegassem durante a Copa do Mundo seja considerada excessiva por entidades e autoridades, ninguém se arrisca a fazer um prognóstico oficial. Em Berlim, capital do país, a polícia contabiliza 8 mil mulheres em 700 locais de prostituição, e sabe que o número deve aumentar, principalmente devido à prostituição forçada. O controle nas fronteiras foi aumentado para desestimular o tráfico de mulheres, mas já se admite que, há alguns meses, elas são trazidas da África, da América Latina e do Leste Europeu.
Lucro fácil – Segundo Amely-James Koh Bela, presidenta da associação Africa Prostitution, houve recrutamento na África. “Dizem às prostitutas que a Copa do Mundo vai melhorar o nível de vida delas. Como a Alemanha legalizou a prostituição, pensam que poderão ficar e exigir documentos de estadia permanente”, afirma.
A Organização das Nações Unidas reconhece como os três primeiros comércios internacionais as armas, as drogas e os corpos de mulheres. Para os organizadores do tráfico, o mercado do sexo é mais barato e menos perigoso que os outros, além de mais lucrativo.
Mais barato porque expor uma mulher em uma calçada ou na internet não exige qualquer tipo de investimento. E menos perigoso porque passar pelas fronteiras é fácil, vez que se obtêm rapidamente vistos e passaportes.
Os lucros com o tráfico de pessoas para prostituição cresceram desde os anos 90. Estima-se a movimentação financeira anual da prostituição mundial em R$ 162 bilhões.