Mais maduros e com melhor formação
Trabalhadores mais escolarizados, faixa etária mais ampla e a maior massa salarial da região. Esses são os destaques do perfil dos metalúrgicos do ABC, segundo levantamento da Subseção Dieese do Sindicato.
O ABC foi uma das
regiões que mais se beneficiou
do crescimento econômico
por contar com uma
indústria automotiva, que
atualmente emprega 19,8%
do total de trabalhadores
da região.
Em números, são 139
mil dos pouco mais de 700
mil trabalhadores nas sete
cidades, de acordo com pesquisa
realizada pela Subseção
Dieese do nosso Sindicato.
A participação do rendimento
dos metalúrgicos
na massa salarial da região
também é expressiva, 34,2%
do total de R$ 1,1 bilhão.
“Em percentuais, representa
mais de um terço
dos rendimentos de todos
os trabalhadores, inclusive
os do setor público. Isso
tem um peso importante
na economia do ABC”, comentou
a economista Zeíra
Camargo, da Subseção do
Dieese.
“Aqui no ABC a indústria
tem papel fundamental.
Se ela vai bem, a região melhora”,
disse o presidente do
Sindicato, Sérgio Nobre.
Na nossa base, com
100 mil metalúrgicos nas
cidades de São Bernardo,
Diadema, Ribeirão Pires
e Rio Grande da Serra, o
pessoal nas montadoras e
autopeças detém quase 70%
da soma de todos os rendimentos
dos metalúrgicos.
A categoria atingiu a
marca dos 100 mil companheiros
e companheiras
neste mês, em razão da retomada
das contratações a
partir de 2003.
Desde então, foram
contratados 22 mil metalúrgicos,
aumento de quase
30%.
Mulheres puxam nível
de escolaridade
A pesquisa do Dieese
mostra que houve uma melhora
no nível de escolaridade
na categoria.
Há dez anos 46% não
tinham a 8ª série completa
e hoje 41% têm o 2º grau
completo e 20% cursam ou
já terminaram a faculdade.
“Houve uma mudança de perfil. A elevação da
escolaridade mostra a consciência
do metalúrgico de
que estudar é importante”,
comentou Zeíra.
As mulheres saíram na
frente.
Enquanto 29,8% delas
fazem ou já fizeram faculdade,
esse percentual é de
18,7% quando se trata dos
homens.
“As companheiras tiveram
de se preparar para
entrar nesse mercado de
trabalho e buscar uma condição
melhor, já que a categoria
é predominantemente
masculina”, concluiu Sérgio
Nobre.
“A busca do conhecimento
melhorou minha vida”
Carlito Araújo Filho,
o Homem do Céu, 42 anos, casado e pais dois
filhos, é um metalúrgico
que se encaixa neste perfil
descrito pelo levantamento
da Subseçção Dieese.
Trabalha na Volks desde
1990, como motorista na
ala 14, e está afastado desde
que sofreu acidente de trabalho.
Ele conseguiu realizar
seu sonho de cursar Direito
e hoje está no 3º ano.
“O que mais me motiva
é a busca do conhecimento.
Depois que entrei na faculdade minha vida melhorou,
me ajudou muito. O conhecimento
me mostrou que
sou uma pessoa capaz”, diz
confiante.
Ele planeja exercer a
profissão, mas está indeciso
na escolha da especialização.
“Sempre gostei da
área penal. Mas, agora que
tomei conhecimento da área
trabalhista, percebi que ela
é muito interessante”, compara.
Categoria não descarta os mais velhos
Quando o tema é a
idade, a pesquisa do Dieese
mostra que nos últimos dez
anos aumentou o número
de trabalhadores com idade
entre 50 e 64 anos. Há dez
anos, 6,6% dos metalúrgicos
estavam nessa faixa
etária, e agora são 9,6%.
Nas outras faixas de
idade, o índice pouco mudou
nesse período. Os metalúrgicos
até 29 anos passaram
de 31,3% para 33,7%.
Na faixa entre 30 anos
e 49 anos está a maior parte
da categoria, com 58,8%
dos metalúrgicos e metalúrgicas.
Há dez anos eram
59,5%.
“Não é uma base que
está jogando fora os trabalhadores
com mais idade,
graças aos acordos de garantia
de emprego.”, explicou
Sérgio Nobre.