Mais um retrato da desigualdade no trabalho

Estudo feito nas 500 maiores empresas do Brasil mostra discriminação a afro-descendentes, principalmente mulheres, e aos orientais e indígenas

Apenas 3,4% do quadro de executivos nas empresas é composto por negros, enquanto 94,4% são brancos, 2,2% amarelos e não há indígenas em cargos de diretoria.

Apesar de 48% dos brasileiros se auto-declarem negros e serem responsáveis por 47% da população ocupada, esses números não se refletem em todos os níveis de ocupação. Quanto mais alto é o cargo dentro de uma empresa, menor é a quantidade de negros que o ocupa. Nas funções de gerência, os afro-descendentes correspondem a 9%, enquanto que os brancos são 89%.

Os números são de pesquisa feita pelo Instituto Ethos e Ibope nas 500 maiores empresas do Brasil. Segundo o estudo, nos cargos de supervisão estão 13,5% de negros, 2,3% de amarelos, 0,1% de indígenas e 84,01% de brancos.

No quadro funcional de 2005, a proporção de afro-descendentes aumentou em relação a 2003, passando de 23,4% a 26,4%. Os amarelos são 4,2%; os indígenas, 0,7% e, os brancos, 68,7%. Ainda segundo esta pesquisa, apesar de o número de trabalhadores negros ter oscilado positivamente em quase todos os níveis, o estudo não permite concluir que haja uma tendência de crescimento no topo da escala.

Mulheres – Como já apresentado em estudos similares, a desigualdade é ainda maior quando se trata da mulher negra. Pela pesquisa do Ethos/Ibope, elas ocupam apenas 8,2% dos cargos de gerência.

Da mesma forma que a representatividade da população negra brasileira não se reflete nos cargos ocupados, as mulheres também são subrepresentadas. Elas correspondem a 51,3% da população brasileira, 42,7% da população economicamente ativa, mas estão em apenas 10,6% dos cargos executivos. A maior representatividade feminina está no quadro funcional, em que são 32,6% contra 67,4% de homens. Os resultados mostram “que aumentou a inclusão de mulheres, mas não há evidência de sua ascensão dentro das empresas”.