Mercosul vira discórdia entre governo e montadoras

Fala do ministro Paulo Guedes em transmissão do Senado repercutiu mal entre lideranças da indústria automotiva

As declarações de Paulo Guedes, ministro da Economia, a respeito do papel do Brasil no Mercosul repercutiram de forma negativa dentro da Anfavea. A associação que representa as montadoras instaladas no País é uma das mais ativas do setor industrial na articulação de políticas que viabilizam a complementariedade da produção nacional de veículos com a da Argentina, uma das sócias dentro do bloco econômico regional.

“Depois de um início forte, com integração regional, o Mercosul foi perdendo a importância. O Brasil é a maior força do Mercosul. Não é o Brasil que tem que estar dentro do Mercosul, mas o Mercosul que está onde o Brasil está. O Brasil não pode ser prisioneiro de negociações ideológicas que atrasam o progresso brasileiro”, disse o ministro na sexta-feira, 20, em transmissão on-line que teve participação de representantes do Senado.

“Declarações como esta prejudicam o trabalho de integração que toda a indústria vem costurando com os mercados vizinhos há muito tempo no sentido de fortalecer o bloco e melhorar o ambiente de negócios na região”, disse, em off, um representante da associação das fabricantes de veículos. “Mostra de certa forma que o atual governo tem uma visão equivocada sobre o papel da indústria na região.”

Há anos interlocutores da Anfavea defendem o ponto de vista de que a produção industrial dos países deve assumir um papel complementar e não concorrente, e isso seria uma forma de fortalecer em mercados maiores, como Estados Unidos e Europa, os veículos montados aqui.

Do Automotive Business