Metalúrgico na Volks lança livro

Ivo Motta, metalúrgico na Volks, lança nesta sexta-feira o livro Histórias de Peão, que revela a vida na fábrica sob a ótica do trabalhador


Foto: Rossana Lana / SMABC

História 1 – Numa das greves na Volks durante o processo de reestruturação produtiva, a fábrica tensionava, medindo forças com a peãozada. Um final favorável só foi possível depois que centenas de trabalhadores promoveram um animado churrasco embaixo da janela do escritório do presidente da empresa.

História 2 – “Quando entrei na Volks, em 84, os chefes eram chamados de feitores. Quando me dei conta disso, na hora vi um capitão do mato na minha frente, lembrei da época da escravidão, e pensei: acho que não vai dar certo”.

Essa e muitas outras histórias são contadas no livro Histórias de Peão, que o metalúrgico Ivo Motta lança nesta sexta-feira, às 18h, no Centro Celso Daniel, ao lado da Sede do Sindicato.

Ivo destaca que é importante o próprio trabalhador contar a sua história. “É a história da Volks vista pela ótica do trabalhador. Essas passagens só são conhecidas do portão para dentro da fábrica. Depois que a fábrica demite o trabalhador, elas se perdem”, comenta.

O livro relata conversas de trabalhadores no ônibus e no vestiário, conta sobre a rádio peão e como as mulheres enfrentam um ambiente masculino e machista.

Para Ivo, o mundo do trabalho não é percebido pela sociedade: “É por isso que conto histórias sobre a exploração da cadeia produtiva, falo das brincadeiras, apelidos, perseguições, mostro a velocidade da linha, a relação com a empresa, as nossas conquistas”, revela.

Obra vai servir de estímulo a outros trabalhadores
O jornalista e memorialista Ademir Medici afirma que é fundamental o trabalhador contar sua própria história, pois só quem viveu as situações é que tem as informações para falar sobre o que aconteceu.

“Este livro é importante por mostrar o depoimento de quem efetivamente viveu os fatos. Assim, ele vai estimular outros trabalhadores a contarem suas histórias e deixarem um registro para o futuro”, destaca Medici.

“Assim, os netos de Ivo verão que o avô tinha uma história interessante para contar, como, aliás, todos têm, mas não têm coragem de registrar”, conclui o memorialista.

Da Redação