Metalúrgicos e montadoras debatem setor automotivo

Sindicato começou a debater com montadoras como manter a produção no Brasil e não permitir que o País apenas monte veículos com peças importadas


Nilton Júnior, Sérgio Nobre, Biro Biro, da FEM, Isac, de Taubaté, e Eric, de São Carlos.
Foto: Amanda Perobelli

Tornar o setor automotivo nacional mais competitivo, para que gere emprego de qualidade e concorra em igualdade com veículos importados. Foi sobre esta agenda que metalúrgicos da CUT e representantes de montadoras iniciaram um ciclo de debates nesta segunda-feira (11).

O objetivo dos trabalhadores é tornar o Brasil um polo mundial de produção de veículos com desenvolvimento local e emprego com bons salários e direitos sociais garantidos.

A ideia do debate surgiu a partir de diagnóstico da Fundação Vanzolini, ligada à Faculdade de Engenharia da USP, sobre o futuro do setor.

A conclusão é que ele continuará crescendo e até 2025 o Brasil chegará à marca de seis milhões de veículos produzidos ao ano. Ainda segundo o estudo, as grandes montadoras instaladas hoje no País detêm 82% desse mercado. Mas daqui a 14 anos a fatia dessas empresas cairá para 66% e aí está o grande problema.

A diferença será ocupada por carros fabricados em outras nações e apenas montados aqui. E isto é ruim em termos de emprego e para o desenvolvimento de tecnologia que gera bons postos de trabalho. 

Os veículos devem ser feitos aqui
“Este debate tem origem na preocupação com o futuro do emprego no Brasil”, comentou o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre. Ele explica que veículos apenas montados aqui geram vagas de baixo qualidade, em piores condições e com salários menores.

Já uma produção nacional com veículos de alta tecnologia que hoje são importados permite a abertura de postos de trabalho melhores e mais bem pagos.

“Por isso é muito importante a produção crescer, porém uma produção nossa, brasileira e particularmente no ABC”, diz Sérgio Nobre.

“Nada contra os estrangeiros. Investimentos em produção são sempre bem vindos. Queremos ser criadores e produtores de automóveis e não apenas montadores”, conclui.

O diretor de Relações Trabalhistas na Volks, Nilton Júnior, confia que a relação construída com os trabalhadores é um diferencial suficiente para definir diretrizes de competitividade. “Todas as montadoras instaladas no ABC fizeram sua reestruturação a partir de amplos acordos com os trabalhadores, o que viabilizou parques industriais antigos”, afirmou o executivo.

Da Redação