Montadoras trocarão gastos por créditos do IPI no Inovar-Auto
Segunda da série de matérias que a Tribuna publica detalhando o novo Regime Automotivo
Foto: Rossana Lana / SMABC
As montadoras que estiverem habilitadas para o novo regime automotivo, o Inovar-Auto, lançado na semana passada, poderão transformar seus gastos de produção na obtenção de créditos, que serão posteriormente abatidos do Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI, pelo governo federal.
Nesta segunda matéria da série sobre o Inovar-Auto, o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, que também é representante dos trabalhadores no Conselho de Competitividade do Setor no Plano Brasil Maior, explica como isso vai funcionar.
Tribuna Metalúrgica – O Inovar-Auto estabelece que, a partir do ano que vem, o IPI terá um acréscimo de 30% para todos os carros, nacionais e importados. Isso irá aumentar os preços dos veículos?
Sérgio Nobre – Não, por que as montadoras transformarão seus gastos em créditos presumidos do IPI, podendo abater os 30%, integralmente, e mais 2%, ou seja, reduzindo a alíquota final do imposto para até 5%. Portanto menor do que a aplicada hoje.
TM – O que são créditos presumidos de IPI?
SN – São os créditos que as empresas geram a partir dos gastos com uma série de itens estipulados no novo regime, que são usados para redução do imposto.
TM – Que itens são esses?
SN – São oito itens. Insumos estratégicos (matéria-prima e peças compradas no mercado interno), ferramentaria, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, inovação tecnológica, recolhimento ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT, capacitação de fornecedores e engenharia e tecnologia industrial.
TM – Como isso vai funcionar?
SN – A montadora irá apresentar as notas fiscais de seus gastos com os dois primeiros itens, insumos estratégicos e ferramentaria. Os valores serão multiplicados por um fator, que no primeiro ano será de 1,30 (Decrescendo até chegar a 1,00). Depois, o resultado será revertido em créditos presumidos do IPI, podendo abater até 30% do imposto.
TM – Então, a montadora poderá reduzir integralmente os 30%, da nova alíquota do IPI, com gastos só nestes dois primeiros itens?
SN – Isso mesmo. Além de estarem fortalecendo a cadeia automotiva, já que os insumos são adquiridos no País.
TM – E os outros itens?
SN – As montadoras poderão abater 1% do IPI com investimentos em pesquisa e tecnologia e outro 1% com recursos destinados para engenharia e capacitação.
TM – O que isso representa para o setor?
SN – Significa que o governo federal está, por meio do Inovar-Auto, abrindo mão de impostos para, em contrapartida, incentivar as empresas a investirem em desenvolvimento tecnológico, pesquisa e inovação e ainda, fortalecer o setor automotivo e toda a cadeia produtiva envolvida.
TM – E o que representa para os trabalhadores?
SN – Com o setor automotivo fortalecido, teremos nossos empregos mais preservados, melhor remunerados e valorizados.
Da Redação