Norte-americanos detonam reunião da OMC

Os Estados Unidos continuam defendendo subsídios aos seus agricultores, o que impede o acesso de países em desenvolvimento ao mercado americano.

A posição intransigente dos Estados Unidos sobre ajuda governamental para a agricultura fez fracassar, mais uma vez, negociações comerciais entre 149 países, patrocinadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e encerradas no final de semana, na Suíça. 

Chamada de Rodada Doha por ser firmada na capital do Catar, em 2001, a reunião teria de liberar o comércio exterior com o fim das barreiras protecionistas e dos subsídios até o ano passado.

Em 2003, porém, as negociações travaram e o novo prazo acaba em dezembro próximo.

Agora, defendendo seus interesses, o grupo dos países em desenvolvimento liderados pelo Brasil (G-20) e a União Européia (UE) consideraram ridícula a proposta dos EUA em reduzir os subsídios agrícolas dos atuais R$ 100 bilhões para R$ 50 bilhões anuais.

O G-20 e a UE querem que este auxílio fique, no máximo, em R$ 25 bilhões, mas os EUA  recusaram, provocando o fracasso das negociações. Em resposta, o G-20 e outros países divulgaram documento conjunto que garante não abrir mão das reivindicações.

Subsídio agrícola é o dinheiro que os governos dos Estados Unidos e da Europa dão aos seus produtores rurais. Essa ajuda reduz artificialmente os preços dos produtos agropecuários tornando-os mais baratos. Isto impede a entrada da produção dos países em desenvolvimento.

Na França, por exemplo, cada vaca tem um subsídio diário de dois dólares (cerca de R$ 4,40).

União pode gerar novo grupo

Na opinião do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, este documento pode ser o início da formação de um grupo maior de países.

Essa nova frente reuniria o G-20, países africanos, do Caribe, nações que defendem maior proteção industrial, as que querem redução nas subvenções ao algodão e ex-colônias européias.

No documento, estes países assumem três compromissos. Primeiro, não renegociar os princípios definidos em Doha. Segundo, dar prioridade à redução das barreiras para o acesso dos integrantes do grupo aos mercados de países desenvolvidos. Terceiro, que os resultados não tragam desindustrialização para as nações em desenvolvimento.