Presidente da Bolívia entrega renúncia
Em meio a uma grave crise social, conflitos com o Congresso e várias semanas de protestos populares em todo o país, o presidente da Bolívia, Carlos Mesa, entregou ontem sua renúncia ao Congresso.
O pedido deve ser votado hoje pelos parlamentares. Mesa, que está à frente do governo há 17 meses, anunciou que renunciaria no último domingo através de uma rede de rádio e televisão bolivianas.
Como a maioria do Congresso é oposicionista e liderada por Evo Morales, do esquerdista Movimento al Socialismo (MAS), o resultado sobre o pedido é incerto. O presidente não é ligado fortemente a qualquer partido político e não conta com apoio popular. Caso a renúncia seja aceita, o presidente do Senado, Hormando Vaca Diez, assumirá o governo.
Mesa, cujo mandato vai até 2007, era vice do presidente Gonzalo Sanchez de Lozada, que renunciou após revolta popular que reprimiu com violência e provocou a morte de mais de 60 pessoas.
Ainda no domingo, Morales afirmou que o anúncio de renúncia de Mesa era uma chantagem contra os movimentos sociais.
O líder oposicionista representa também os plantadores de coca que tiveram sua produção de subsistência arruinada pela política de combate à erva adotada por Lozada, com total apoio dos EUA, e hoje estão na miséria.
Morales encabeça as manifestações para pressionar o governo a aprovar uma lei que aumenta de 18% a 50% os impostos pagos por empresas multinacionais do setor de energia.
O presidente garantiu que, como já havia se comprometido anteriormente, não iria usar as Forças Armadas nem a polícia para reprimir os protestos. “Aqui não haverá mortos”, declarou