Sindicato prossegue luta por queda de juros dos bancos privados
Os cortes nos juros anunciados pelos bancos privados não deixam claro se eles realmente baixaram os juros. Pelo que divulgaram, só quem está muito bem de vida consegue aproveitar as novas taxas, o que exclui a maioria dos trabalhadores
Foto: Raquel Camargo / SMABC
O anúncio de cortes de juros feito pelos bancos privados não mudou em nada a luta que os Comitês Sindicais de Empresas (CSEs) da base vão realizar por taxas menores nas instituições financeiras que atuam nas fábricas da categoria.
“Como sempre, estamos firmes em nosso propósito de cobrar a diminuição dos juros”, afirmou Wagner Santana, o Wagnão (foto), secretário geral do Sindicato.
Para o dirigente, essas medidas parecem mais com uma cortina de fumaça. “Os bancos têm que deixar claro que diminuíram os juros como fizeram os bancos públicos. Pelo que vimos até agora, suas regras são preconceituosas, pois só terá acesso aos novos créditos quem estiver muito bem de vida, o que exclui a maior parte dos trabalhadores. E se os trabalhadores não tiverem acesso ao crédito, as medidas não valem nada”, destacou.
Como a ação dos bancos privados não convenceu, integrantes dos CSEs continuarão a encaminhar aos departamentos de recursos humanos das empresas a pauta aprovada em assembleia realizada na Sede terça-feira, que exige dos bancos privados as mesmas reduções anunciadas pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil.
A mobilização seguirá até que Bradesco, Itaú, HSBC e Santander expliquem de forma clara como as novas tarifas beneficiarão os trabalhadores.
Inclusive porque há uma suspeita que as medidas foram adotadas apenas para evitar a saída imediata dos correntistas que já estão migrando para os bancos públicos.
Redução de juros provoca corrida aos bancos públicos
A redução de juros anunciada na última semana pela Caixa Econômica Federal (CEF) e pelo Banco do Brasil (BB) provocou uma corrida de novos clientes dispostos a aproveitar as oportunidades oferecidas pelos dois bancos públicos.
A CEF divulgou nesta quarta-feira dados que mostram esse aumento. A procura pelo crédito consignado (com desconto em folha) cresceu 61% em relação à primeira semana de abril, após a queda de 31% nas taxas enquanto a concessão de crédito para pessoa física subiu 17%.
O volume emprestado pelo banco após o anúncio das medidas já atingiu 676 milhões de reais, superando os R$ 419 milhões emprestados durante todo o mês passado. Ao dia, saltou de R$ 77 milhões para R$ 135 milhões.
O BB também informou que o crédito para compra de veículos cresceu 93%, com média diária de desembolso de R$ 21,3 milhões e a concessão de crédito para pessoa física subiu 45%.
Os dados divulgados pelos bancos públicos comprovam que a redução dos juros é possível e que a medida obrigou os bancos privados a rever seus próprios lucros exorbitantes.
Da Redação