Sindicato quer regras de conteúdo local definidas até o fim do mês

O presidente do Sindicato, Rafael Marques, e o secretário-geral, Wagner Santana, o Wagnão, estiveram em Brasília na última terça, em reunião no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o MDIC, para defender a manutenção do prazo para apresentação das normas de controle de conteúdo local para o novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto.

Em entrevista à Tribuna, Rafael explicou por que o controle de conteúdo local é importante para o Inovar-Auto e quais são suas principais implicações para a categoria.

Tribuna Metalúrgica – Por que o Sindicato está exigindo que o governo federal cumpra o prazo e publique a normatização para o controle de conteúdo local até o final deste mês?

Rafael Marques – Porque esta­mos percebendo que o Inovar-Auto, em vigor desde o início do ano, já apresenta ganhos para o setor au­tomotivo em relação às montadoras e sistemistas, mas ainda não conse­guiu conter a avassaladora entrada de peças importadas.

TM – Como comprovar os ganhos das montadoras e as per­das nas autopeças?

RM – Pode ser verificada pelos percentuais de queda nas importa­ções de veículos, com redução de 15,2% de janeiro a julho, e, no mes­mo período, aumento de 21% nas importações de peças.

 TM – O que isso significa?

RM – Significa que as monta­doras locais estão ocupando mais mercado no Brasil, mas as autope­ças, no entanto, não tem acompa­nhado esse crescimento e ainda sofrem com a forte concorrência externa.

TM – E como fazer para que as autopeças nacionais cresçam com a mesma força das monta­doras?

RM – Para que isso aconteça é preciso que o governo defina as regras para o controle de conteúdo local na produção dos carros no País, um complemento do Inovar-Auto.

TM – E o que é essa tal ras­treabilidade?

RM – É exatamente isso. Um sistema capaz de controlar a utili­zação, pelas montadoras, de peças produzidas no Brasil.

 TM – Como isso poderia ser feito?

RM – Com o cruzamento de dados de notas fiscais de compra, por exemplo, que chegasse a 60% de conteúdo local.

O que seria um avanço im­portantíssimo para o segmento de autopeças.

TM – E qual foi a resposta do governo federal em relação ao prazo de instalação deste sistema de rastreabilidade?

RM – Foi positiva. O ministro reforçou o compromisso de manter o prazo para a publicação destas normas até o final deste mês e o in­teresse no desenvolvimento do setor automotivo, dando continuidade às políticas de incentivo iniciadas pelo Inovar-Auto.

 TM – O que a falta destas normas provoca neste segmento das autopeças e pode influenciar a base dos metalúrgicos do ABC?

RM – Primeiro, um crescimen­to menor que o esperado na aber­tura de postos de trabalho nestas empresas.

Segundo, um prejuízo enorme nas nossas negociações da Campa­nha Salarial, onde o tema aparece constantemente, ou seja, a bancada patronal usa esse fato numa chora­deira sem fim.

TM – Qual o objetivo do Sin­dicato na defesa da efetivação do sistema de rastreabilidade?

RM – O importante é que isso refletirá na geração de mais pos­tos de trabalho, na ampliação de investimentos em tecnologia e de­senvolvimento com empregos mais qualificados e com maior renda.

 O que é rastreamento de conteúdo regional?

É a verificação da origem, ou seja, a identificação do local da produção das peças e dos componentes que são usados na montagem de um sistema automotivo. Por exemplo, no sistema de freio ou no sistema elétrico.

Da Redação