Sonho de operário

Um sonho que se tornou realidade! Essa deve ser uma frase repetida pelos moradores da Vila da Penha, no Rio de Janeiro, quando ao lado do pedreiro Evando dos Santos admiram a Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Menezes.

O sergipano Evando despertou para o mundo da literatura em meados dos anos 70. Aos 16 anos de idade, sem saber ler e com uma marmita na mão, gostava de ouvir de um velho mestre de obras textos de escritores como Pablo Neruda, Monteiro Lobato e Tobias Barreto.

Hoje, quase 30 anos depois, o pedreiro é capaz de orientar quem o procura e deseja conhecer um pouco da literatura brasileira.

Onde tudo começou – A  biblioteca surgiu em 1998, quando Evando se deparou com uma quantidade de livros que estavam sendo jogados no lixo por um comerciante. Ele recolheu os livros, colocou-os na sua sala e avisou a vizinhança que abria as portas da primeira e única biblioteca comunitária da Vila da Penha. Passou a ganhar e a pedir livros. A esposa reclamou, mas hoje diz: “Sabe que o hábito da leitura é uma coisa que contagia?”

O sonho comum – E é nessa casa entulhada de livros que homens, mulheres e crianças encontram a oportunidade de conhecer, através da leitura, outros lugares, outras histórias, outros sonhos.

A ousadia de Evando já o levou a participar de um chá na Academia Brasileira de Letras, é freqüentemente procurado por universitários, escritores ou curiosos que são atraídos por esse carinho do pedreiro pelos livros ou por esse sonho tão bem retratado nas palavras do escritor, também sergipano, Tobias Barreto: “Eu sei que nada sei, mas uma coisa eu sei: só o livro é capaz de acabar com as desigualdades na terra. Sem ele, não se chega a lugar nenhum.”

Bonito o sonho do Evando não é mesmo? E os nossos sonhos, quais são?

Departamento de Fomação