Violência: 772 trabalhadores assassinados no Pará e ninguém preso
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, a impunidade é a senha para a matança no campo. O Pará é o Estado campeão em violência na zona rural.
O Pará é o Estado brasileiro campeão de chacinas contra trabalhadores rurais em conflitos de posse da terra.
Nos últimos 10 anos, 772 trabalhadores foram assassinados. Nesse período houve ainda 128 atentados e foram registradas 459 ameaças de morte contra trabalhadores rurais e defensores dos direitos humanos no Estado, de acordo com relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A impunidade, por sua vez, se constitui numa espécie de licença para matar e garante a manutenção da violência. De todos esses crimes, foram realizados até agora apenas três julgamentos de mandantes dos crimes.
O relatório traz também uma lista de 30 pistoleiros e mandantes que tiveram a prisão decretada, sem nunca ser cumprida. A atuação do Judiciário e da polícia é muito mais rápida quando se trata de um trabalhador rural ou integrante do MST.
O Pará também, afirma o relatório, desponta no cenário nacional em relação ao trabalho escravo.
De acordo com a CPT, mais de 300 fazendas foram denunciadas pela prática desse crime nos últimos cinco anos, envolvendo mais de 10 mil trabalhadores. Estima-se que cerca de 10 mil trabalhadores ainda são mantidos escravizados pelo agronegócio no Estado, que usa a exploração para diminuir os custos da produção.
Apesar de todo esse cenário de violência, apenas 19 linhas citaram o estado do Pará nas mais de 350 páginas do relatório da CPMI da Terra, aprovado pelos latifundiários na quarta-feira passada.