Volks: Greve contra demissão

Assembléia ontem à tarde aprovou greve por tempo
indeterminado até a reversão das
demissões.

Os trabalhadores na Volks aprovaram ontem em assembléia
greve por tempo indeterminado até a multinacional reverter
as demissões e o plano de
restruturação que prevê até
6.100 cortes.

A empresa entregou ontem cartas para cerca de 1.300 trabalhadores do
primeiro turno e deveria entregar outras 500, anunciando as
demissões para 21 de novembro, quando vence o acordo de
estabilidade.

O presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo,
disse que a greve será realizada dentro da empresa e que o
Sindicato e a Comissão de Fábrica vão
dar orientações a cada dia sobre as formas de
luta.

“Temos o dever de lutar, tanto os que receberam a carta como
aqueles que não receberam. Estes podem entrar nas outras
listas que a empresa vai preparar”, comentou
Feijóo.

Ele disse que não quer o fechamento da fábrica,
mas é impossível fazer acordo que não
respeite os trabalhadores.

“Tem de haver contra-partidas positivas. Nós
não podemos pagar pelos erros de estratégia e
administrativos da empresa”, avisou o presidente do Sindicato.

Ao final da assembléia, Feijóo afirmou ser
difícil a Volks mudar de posição.
“Mas, sem luta, ela certamente não
mudará”, concluiu.

Fábrica foi intransigente
“Nós tentamos acordo de todas as formas. Fizemos
várias propostas mas esbarramos na intransigência
da Volks. Que o nosso sentimento de apreensão diante das
demissões anunciadas hoje não se transforme em
medo de enfrentar a Volks. Não vamos nos
intimidar”.
Wagner Santana, vice-presidente do Comitê Mundial
dos Trabalhadores.

Enfrentamento com união
“Vamos precisar de muita união, pois o
enfrentamento é com uma das maiores multinacionais do
planeta. Nosso compromisso será o de envolver os
trabalhadores dos 100 sindicatos que participam da nossa
confederação. Que as lágrimas de hoje
se transformem em luta e resistência à
agressão da empresa”.
Carlos Alberto Grana, presidente da
Confederação Nacional dos Metalúrgicos
da CUT.

Uma luta de todos no País
“A CUT nasceu aqui em São Bernardo há
23 anos. Nesta luta, precisamos mostrar a mesma garra e ousadia daquela
época. Não podemos ficar quietos diante dessa
irresponsabilidade da Volks pois nosso País precisa de
emprego e produção. Vocês têm
o apoio da CUT. Será uma luta de todos os trabalhadores e
vamos realizar atividades por todo o País”.
Artur Henrique, presidente da CUT

Angústia virou revolta

Tenho estabilidade – O ponteador Reginaldo Ramos da
Silva tem 50 anos e está na Volks há 16 anos. Ele
perdeu um dedo em 1993, recebe auxílio do INSS e tem
estabilidade. Mesmo assim recebeu a demissão.
“Acho que é pressão
psicológica da empresa para intimidar meus companheiros de
setor”, disse ele.

Pai e filho – Luiz Carlos Amorim trabalha na
montagem final. Tem 37 anos, é casado, tem dois filhos e
mora em São Bernardo. “Pressenti o fim da Anchieta
desde o fechamento da ala 21”, disse. Ele comentou que sua
maior desilusão foi a não
efetivação de seu filho, que terminou o curso do
Senai.

Doença profissional – O montador
Cláudio da Conceição Cruz
está há 17 anos na Volks e acabou de ganhar
processo constatando doença profissional. “Ainda
não sei o que vou fazer. É muita
revolta”, desabafou ele.

Trabalhei direito – José Martins da
Silva trabalha na montagem da Kombi. Tem 57 anos, sendo 25 de Volks.
“Não esperava ser demitido porque trabalho
direito, não falto e estou com bursite”, afirmou.

Tristeza – A avó Maria das
Graças Silva Pereira trabalha na
armação da carroceria. É casada e
cuida de dois filhos e três netos
órfãos de mãe. Está na
Volks há 22 anos. “É meu primeiro
empreg