Aumento nos juros é contra crescimento do País

Hoje, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, decide se eleva ou mantém o índice do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, o Selic, em 2016.

Atualmente, a taxa Selic – usada nas negociações de títulos públicos e que dá referência às demais taxas de juros da economia – está em 14,25%.

“A taxa vigente já está acima do que os companheiros e a atividade industrial podem suportar. Seria um erro gra­ve elevar a Selic”, garantiu o presidente do Sindicato, Rafael Marques.

Para o dirigente, o go­verno acaba de fazer mu­danças na sua equipe e há a confiança de que “o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, deve reorientar a política econômica para que ela não se renda às pressões do mercado, dos banquei­ros e de boa parte da mídia especializada em economia, setores que defendem essa política de juros altos tão prejudiciais ao País”.

A expectativa do mercado é de que, após três reuniões consecutivas sem a alteração, o colegiado retome o ciclo de elevações com uma alta de 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano.

“Sabemos muito bem para onde vai o dinheiro proveniente desse cenário de taxas elevadas. Ele serve para engordar a conta da­queles que só sobrevivem das grandes aplicações fi­nanceiras e não a quem vive da produção e do trabalho. Somos totalmente contrários a qualquer alta”, declarou Rafael.

Durante manifestação on­tem em frente à sede do Banco Central na Avenida Paulista, a CUT e demais centrais cobraram o fim da política recessiva.

O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, lem­brou que, nas semanas que antecederam a decisão sobre o aumento da taxa de juros, o sistema financeiro tomou os meios de comunicação dizendo que o governo tem que subir os juros para con­ter a inflação e que, se não fizer isso, é irresponsabili­dade e populismo.

Para o dirigente, ao man­ter a atual política eco­nômica, o Copom aponta para um novo ciclo reces­sivo que afeta toda a classe trabalhadora. “Subir mais juros significa que você vai encarecer o crédito. Se o co­mércio não vende, a indús­tria não produz e tudo isso afeta a vida do trabalhador”, concluiu o secretário-geral da CUT.

O que é a Selic?

A taxa Selic é a média de juros que o governo brasileiro paga por empréstimos toma­dos dos bancos. Quando a Selic aumenta, os bancos pre­ferem emprestar ao governo porque paga bem. Já quando a Selic cai, os bancos são “empurrados” para emprestar dinheiro ao consumidor e conseguir um lucro maior. Assim, quanto maior a Selic, mais “caro” fica o crédito que os bancos oferecem aos con­sumidores, já que há menos dinheiro disponível.

Por que a Selic é importante para a política econômica?

O governo usa essa taxa como instrumento para con­trolar a inflação. Se a Selic é alta, há menos dinheiro cir­culando e menos procura por produtos e serviços à venda. Se a demanda é menor, os preços caem.

E para o trabalhador que diferença faz isso?

É a Selic que dá a medida das outras taxas de juros usa­das no Brasil: do cheque espe­cial, do crediário, dos cartões de crédito, da poupança. É a partir dela que os bancos calculam quanto cobrarão de juros para conceder um empréstimo. Quanto menor a Selic, mais “barato” fica para o consumidor fazer um em­préstimo ou comprar a prazo.

Mas essa relação não é direta. Quando o Banco Cen­tral reduz a Selic, essa queda demora a chegar ao consu­midor. Isso acontece porque os bancos também cobram, em forma de juros, impostos (IOF), inadimplência, seus custos e seu lucro. Essa di­ferença entre o que o banco paga ao tomar um emprés­timo e o que ele cobra ao conceder um empréstimo é o chamado “spread bancário”.

Da Redação.