Com ironia, mídia internacional destaca hipocrisia na votação do impeachment
Os principais jornais internacionais repercutiram com crítica e até certa ironia a votação para abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados contra a presidenta Dilma Rousseff.
O espanhol “El País” destacou o clima tenso que antecedeu a votação “começou com uma discussão tensa, áspera com crises nervosas, gritos, empurrões e canções até um pouco ridículas”. Sobre o presidente da Câmara publicou: “Foi presidida pelo polêmico Eduardo Cunha, inimigo evangélico de Dilma Rousseff, deputado acusado pelo Ministério Público de ter milhões em contas suíças alimentadas por subornos da Petrobras”.
“The Guardian” apontou a corrupção presente no Congresso e fez referência a Cunha como o arquiteto da demolição. “A presidente Dilma Rousseff sofreu uma grande derrota neste domingo em um Congresso hostil e contaminado pela corrupção”. E lembrou: “No meio das cenas estridentes a figura mais impassível na Câmara foi o arquiteto da demolição política”, Cunha.
O jornal inglês também fez questão de trazer à tona o pronunciamento polêmico do deputado Jair Bolsonaro. “O ponto mais baixo foi quando, o deputado de extrema-direita do Rio de Janeiro, dedicou seu voto sim a Carlos Brilhante Ustra, o coronel que liderou a unidade de tortura Doi-Codi durante a época da ditadura. Rousseff, ex-guerrilheira, estava entre aqueles torturados”.
E também publicou o óbvio. “Sim, votou a grande maioria dos mais de 150 deputados que estão implicados em crimes, mas protegidos por seu status como parlamentares”.
Já o norte-americano “The New York Times”, iniciou o texto lembrando tratar-se de uma votação contra a “primeira mulher presidente” e deu parecer de analistas políticos sobre danos à jovem democracia do Brasil. ‘“Este é um golpe, uma lesão traumática para o sistema presidencial do Brasil”, disse Pedro Arruda, um analista político da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo”’.
A revista alemã Der Spiegel saiu com o título: “A insurreição dos hipócritas”, a matéria noticia que o Congresso mostrou sua “verdadeira cara” e que usou de meios “constitucionalmente questionáveis” e que a votação colocou o “avariado navio Brasil em uma robusta rota de direita.”
Da Redação