Governo sentirá a fúria dos “parasitas”
Chamados de parasitas por Guedes, servidores públicos preparam mobilizações nacionais em defesa do serviço público e contra o desmonte do Estado
Na linguagem popular o termo parasita é usado para definir o “indivíduo que vive à custa alheia por pura exploração ou preguiça”. A palavra foi a escolhida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em um seminário na última sexta-feira, 7, para se referir aos funcionários públicos brasileiros. O termo está em alta já que o filme vencedor do Oscar, que retrata grandes desigualdades sociais, também leva este nome (leia mais na coluna do Dieese).
A fala do ministro ocorreu enquanto ele tentava defender as reformas que pretendem alterar drasticamente as regras do funcionalismo público. “O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação. Tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita. Dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático. Não dá mais”, afirmou Guedes. Após a forte repercussão negativa da fala, Guedes divulgou nota se desculpando.
O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, avalia que, apesar da tentativa de se desculpar, só após notar que a fala foi prejudicial para obter aprovação à reforma administrativa, o xingamento usado por Guedes está totalmente alinhado ao que o governo pensa do trabalhador.
“Não é de hoje que os trabalhadores brasileiros são ofendidos por governos de direita. À sua época, Fernando Henrique chamou os aposentados de vagabundos, gerando enorme revolta na população. Agora, mais uma vez, este governo, que já ofendeu os desempregados dizendo que patrão só manda embora quem não está rendendo, tenta humilhar a classe trabalhadora”.
Apenas para citar outro exemplo recente, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou professores de universidades federais de “zebras gordas”, em setembro do ano passado, acusando-os de ganhar altos salários e não trabalhar.
“É revoltante para trabalhadores, especialmente os servidores que trabalham duro nas áreas de saúde, educação, meio ambiente e segurança serem chamados de parasitas justo por aqueles que são os verdadeiros parasitas brasileiros. Guedes, que sempre viveu às custas de especulação do sistema financeiro, e Bolsonaro que ficou 28 anos na Câmara sem nunca ter aprovado um projeto e ainda levou junto seus filhos. Que essa revolta seja um impulsionador para as mobilizações em defesa do serviço público”, lembrou.
Dia Nacional de Mobilizações
Contra a reforma administrativa e as pautas de ataque ao funcionalismo e aos serviços públicos nas esferas federal, estadual e municipal, a CUT-SP e demais centrais sindicais farão uma plenária no próximo dia 18 de fevereiro, às 17h, no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, para discutir a organização do Dia Nacional em Defesa do Serviço Público, dos Servidores, Contra a Privatização e o Desmonte do Estado, em 18 de março. Em São Paulo, o ato dos servidores será a partir das 16h, no Masp, na Avenida Paulista.
As centrais também preparam o ato da próxima sexta-feira, 14, contra o caos nas agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o Brasil (acompanhe nas próximas edições da Tribuna).