Lula alerta para o desmonte da indústria naval brasileira
(Foto: Felipe Araújo)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou para o desmonte da Petrobras e a entrega das riquezas do Pré-Sal a empresas estrangeiras no ato em frente ao Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, na manhã de ontem. A manifestação foi organizada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, e o Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis.
Lula defendeu a indústria naval brasileira e a importância do conteúdo local na fabricação de navios e sondas para retomar os empregos no País. Ele lembrou que em 2002 só havia capim e mato no estaleiro.
“Nós provamos que era possível recuperar a indústria naval brasileira e este estaleiro chegou a ter 12 mil trabalhadores levando salários para casa”, afirmou.
Atualmente são 3.200 metalúrgicos no local. O número de empregos na indústria naval aumentou 26 vezes durante os governos Lula e Dilma ao passar de três mil para 78 mil trabalhadores.
“Estamos acompanhando o desmonte que está sendo feito nos estaleiros em todo território nacional. É preciso reagir enquanto é tempo e não permitir retrocessos”, ressaltou. “Se a gente quiser voltar a crescer, tem que olhar aqui para dentro”, prosseguiu.
Lula disse que a direção atual da Petrobras não se importa se uma sonda ou navio serão produzidos em Angra ou em Hong Kong. “Eles dizem que fazer lá fora é 40% mais barato. Quero saber o quanto de emprego gera, o quanto de tecnologia o País conquista, quanto de salário é pago, quanto arrecada de impostos aqui dentro”, questionou.
“A Petrobras não pode pensar apenas nela, tem que pensar no País e no trabalhador brasileiro. Não adianta comprar 40% mais barato e o povo aqui passando fome e sem emprego”, continuou.
O ex-presidente destacou que o Brasil possui tecnologia, engenharia e trabalhadores capacitados para produzir sondas e navios. “Uma nação tem que pensar no desenvolvimento do seu povo. E é isso que a gente não está vendo acontecer agora”, avaliou.
“Por isso, não pode permitir que a Petrobras abra mão do conteúdo local, que é a exigência que nós criamos em 2004 para que todas as sondas e navios feitos aqui tenham 60% de coisas produzidas por trabalhadores brasileiros”, concluiu.
O presidente da CNM-CUT, Paulo Cayres, o Paulão, assinalou a gravidade do que está acontecendo no setor naval e as consequências para outros setores da indústria e para a economia como um todo.
“Nós sempre defendemos a indústria nacional e o conteúdo local para que a roda da economia gire sem sobressaltos. Esse governo ilegítimo está jogando por terra tudo o que conquistamos nos últimos 13 anos para atender os interesses das grandes multinacionais e do mercado financeiro”, afirmou.
“Sem indústria forte, a economia fica frágil, como estamos vendo agora, por conta de medidas que estão levando para fora a produção e os empregos do setor naval”, prosseguiu.
LUTA DOS TRABALHADORES
Em entrevista ao Repórter Diário ontem, o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, afirmou que o conteúdo local fortalece a indústria nacional. “Querem acabar com a política de conteúdo local no Brasil sendo que o mundo inteiro a pratica”.
“Nos Estados Unidos, em um evento esportivo em um estado qualquer, aprovam que os uniformes para aquele evento, que tem patrocínio estatal, têm que ser feito no país”, exemplificou. “Essa é uma coisa miúda, mas é a defesa da indústria da nação. Aqui no Brasil querem abrir mão e não cumprir com o conteúdo local ao não fazer as embarcações e grandes sondas aqui”, explicou.
“Os metalúrgicos do ABC vão lutar pelo conteúdo local e organizar mobilizações em conjunto com os trabalhadores de diferentes ramos e centrais sindicais”, concluiu.
Da Redação