1.200 se reúnem em defesa do emprego na Mercedes

Trabalhadores decidiram intensificar a luta até que a empresa reveja sua intenção de encerrar o contrato dos 484 metalúrgicos contratados por tempo determinado


Companheiros participam da assembleia. Foto: Andris Bovo

Cerca de 1.200 trabalhadores na Mercedes-Benz, em São Bernardo, aprovaram por unanimidade a proposta do Sindicato para intensificar a luta até que a empresa reveja sua intenção de encerrar o contrato dos 484 metalúrgicos contratados por tempo determinado.

A decisão foi tomada nesta quinta-feira (8), durante assembleia realizada no Centro de Formação Celso Daniel, na Sede do Sindicato. Nova assembleia na manhã de sexta-feira (9), na porta da fábrica, definirá os rumos do movimento.

A mobilização da companheirada começou na última quarta-feira, dia 7, assim que a empresa distribuiu um comunicado anunciando o encerramento do contrato de quem trabalha por tempo determinado. Imediatamente, 800 companheiros do segundo turno no Prédio 46 interromperam a produção.

A decisão da montadora surpreendeu a todos. Principalmente porque os desligamentos romperam as negociações com a Mercedes, aprovadas em assembleia dia 3 de setembro, diante da Sede, que reuniu cerca de sete mil trabalhadores na montadora.

“O emprego é o maior bem do trabalhador”, afirmou durante o ato o diretor de Organização do Sindicato, Moisés Selerges, que é membro do CSE na Mercedes. 

“Companheiro desempregado é uma tragédia”, prosseguiu. “Por isso vocês podem ter certeza que faremos tudo para garantir os postos de trabalho de vocês”, destacou.

Referindo-se a presença na assembleia de muitos trabalhadores que não receberam o aviso de demissão, Moisés destacou a solidariedade de todos.

“Vocês já perceberam que a Mercedes quer encerrar o contrato de mais que os 484 companheiros que trabalham por prazo determinado, por estão aqui. Fizeram muito bem, pois só a unidade dos trabalhadores garante seus empregos”, finalizou. 

“Não lutamos para dar lucro às montadoras”, diz Sanches
Durante a assembleia, o diretor de Comunicação do Sindicato e também trabalhador na Mercedes, Valter Sanches, lembrou que Sindicato e representação sabiam que este seria um ano difícil para o setor de caminhões.

Por isto definiram atuar em duas frentes, negociando com a empresa, para resolver dificuldades que surgissem na fábrica, e com o governo federal, para pressionar por medidas que melhorassem o mercado.

“Para garantir os empregos, fechamos acordos de banco de horas, licença remunerada, férias coletivas e até lay off”, recordou Sanches.

“Ao mesmo tempo, conseguimos que governo financie 100% da compra de um caminhão, em 84 meses, com juros de 2,5% ao ano”, continuou.

“Com a inflação atual em torno de 5%, o governo está pagando para vender caminhões. O resultado é que, em outubro a venda de caminhões foi 45% maior que em setembro”, frisou Sanches.

“A Mercedes fatura com essas medidas, mas não lutamos para dar lucro para as montadoras. Nós lutamos para manter os empregos”, explicou.

Ele lembrou que diretores alemães da montadora em visita ao Brasil aprovaram soluções alternativas às demissões. “Por que, agora, que o mercado está se recuperando, a empresa fala em demissões?”, prosseguiu.

“Por isto é importante que todos os trabalhadores estejam mobilizados na luta pela defesa do emprego”, finalizou o dirigente.

Da Redação