1,5 milhão de assinaturas pelas 40 horas semanais

As centrais sindicais entregaram ontem na Câmara dos Deputados os abaixoassinados pelas 40 horas semanais e derrubaram o argumento patronal de que a medida implica em mais custos para as empresas.

Caiu por terra ontem
o principal argumento dos
patrões contra a redução da
jornada de trabalho.

O aumento do custo
que alegam para adotar a
medida seria facilmente absorvido
pelo crescimento
de 130% na produtividade
conquistada pela economia
nos últimos anos.

Como também não repassaram
o fim da CPMF ao
preço final dos produtos, a
redução da jornada a todos
os trabalhadores brasileiros
já está paga pela sociedade.

Durante sessão pública
especial para debater as 40
horas, a Câmara dos Deputados
recebeu ontem das
centrais sindicais as listas de
apoio à redução da jornada
sem redução de salário.

No total foram registradas
1,585 milhão de assinaturas,
o que mostra o forte
apoio popular à medida.

O líder do PT, deputado
Maurício Rands (PE),
defendeu que a Câmara se
concentre nos projetos de
lei que reduzem a jornada
para tornar mais rápida sua
aprovação.

Para ele, o bom momento por que passa a economia
brasileira precisa ser
compartilhado com os trabalhadores,
e não há forma
melhor que pela redução da
jornada de trabalho.

O presidente do nosso
Sindicato, José Lopez Feijóo,
afirmou que os patrões
não querem que a redução
seja adotada por lei, mas sim
a partir da negociação.

“Isso não aconteceria
nunca. Só com a lei se uniformizaria
as 40 horas por
todo o País. O que os patrões
querem é manter jornadas
diferentes como fator
competitivo e de chantagem
sobre os trabalhadores, como
ocorre hoje”, rebateu
Feijóo.

Empresas ganharam 130% e só gastariam 2%

O diretor técnico do
Dieese, Clemente Gans
Lúcio, afirmou que a redução
da jornada de trabalho
de 44 para 40 horas, 10%
a menos, representará um
aumento de apenas 2% no
custo médio da produção.

Lúcio citou que, dos
anos 90 para cá, a indústria
brasileira acumulou um
ganho médio de produtividade
de cerca de 130% e,
portanto, esse custo adicional
de 2% seria facilmente
absorvido.

“Está na hora de reduzir
a jornada para que esse
ganho de produtividade
possa ser redistribuído”,
resumiu.

Um exemplo é ver que
um metalúrgico produzia
7,7 carros/ano em 1990 e
hoje produz 29,6 carros.

O diretor do Dieese
advertiu que o crescimento
econômico não se transforma
automaticamente em desenvolvimento.
“É preciso
uma intenção distributiva”,
afirmou.

O presidente da CUT,
Artur Henrique, chama
isso de distribuição de
justiça e da riqueza. “Não
é justo só as empresas se
apropriarem dos ganhos de
produtividade”, avisou.

Os 2% citados pelo diretor
do Dieese representam
pouco mais dos 1,6%
médios que os empresários
diziam ser a redução no
preço final dos produtos
com o fim da CPMF. Isso
não ocorreu e eles ficaram
com nosso dinheiro.