10 anos de real: Arrocho atingiu metade das categorias

A conclusão é de estudo do Dieese que comparou os resultados de 150 campanhas salariais ano-a-ano. A constatação é que nesse período os trabalhadores perderam poder de fogo e metade das categorias não conseguiu repor as perdas da inflação.

Além do alto desemprego, um dos maiores problemas do País, o plano Real interferiu negativamente nas campanhas salariais dos últimos 10 anos. Nesse período, caiu pela metade o número de categorias que obtiveram reajustes salariais iguais ou superiores à inflação.

Em 1995, 85,4% das categorias profissionais conseguiram repor a inflação. Em 2003, esse número foi reduzido para 42,3%. Esta é uma das principais conclusões de estudo do Dieese sobre os 10 anos do Plano Real, a serem completados amanhã. Ele também ajuda a explicar as contínuas quedas na renda dos trabalhadores.

De 1996 a 2002, a porcentagem de negociações salariais que restauram o poder aquisitivo dos salários varia de 55% a 67% – à exceção de 1999, quando aproximadamente metade dos acordos não recupera o poder aquisitivo dos salários.

A partir de 2001, inicia-se uma queda contínua de acordos capazes de repor as perdas. Esse declínio culmina, em 2003, com o pior desempenho de todo o período de acompanhamento de negociações salariais, quando apenas 42,3% da categorias repõem perdas.

Segundo o estudo do Diee-se, de 1996 a 1998 os resultados obtidos pelos setores industriais não estavam entre os melhores, e só se inverteram a partir de 2000.

Os metalúrgicos estão nessa parcela. Ao longo do período conseguiram repor as perdas nas campanhas e conquistar aumentos reais em algumas delas, como em 1996, 2000 e 2003.