10º Concut: CUT e Ministério do Meio Ambiente assinam protocolo

O objetivo é fazer com que os empreendimentos passem a contar com as chamadas tecnologias limpas para reduzir os impactos na saúde do trabalhador e no meio ambiente, incluindo as poluições do ar e sonora, geração de calor e emissões nocivas

A CUT e o Ministério do Meio Ambiente assinaram na tarde da quinta-feira (6) um protocolo de acordo que dará aos sindicatos e às representações nos locais de trabalho o poder de participar dos projetos de política ambiental no interior das empresas de todos os ramos de atividade. O objetivo é fazer com que os empreendimentos passem a contar com as chamadas tecnologias limpas para reduzir os impactos na saúde do trabalhador e no meio ambiente, incluindo as poluições do ar e sonora, geração de calor e emissões nocivas.

Na mesma ocasião, o ministro Carlos Minc também anunciou uma portaria governamental, assinada pelo Meio Ambiente e pelo Ibama, que garante aos sindicatos participação direta na elaboração e aprovação dos Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) e do licenciamento para novos empreendimentos. Após a entrada em operação dos novos projetos, os sindicatos terão papel fiscalizador das regras ambientais nas comunidades em torno de qualquer empreendimento, segundo a portaria.

“O tema da defesa do meio ambiente sempre tratou de dados como a proteção à fauna, à flora, aos rios. Fala-se em geleiras derretendo, animais em extinção, mas faltava um detalhe: o trabalhador. Agora, os trabalhadores agora também fazem parte dos projetos de proteção ambiental”, anunciou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, diante do plenário do 10º CONCUT. “Esta é uma iniciativa da CUT, que nos propôs a idéia, que batalhou por esse avanço, mas que esperamos ser compartilhada agora em diante pelas outras centrais”, destacou Minc.

Segundo Minc, é a primeira vez que sua pasta conta com a participação dos trabalhadores. “É importante que a luta em defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável incorpore setores da sociedade que não participavam do movimento e o sindical é um deles”, afirmou.

Protocolo

O protocolo de acordo prevê que os sindicatos poderão analisar se as empresas, de todos os ramos de atividade, têm políticas ambientais adequadas para a saúde de seus trabalhadores e para as comunidades no entorno e propor soluções tecnológicas e produtivas mais limpas. As comissões eleitas para essa finalidade podem ser comparadas a CIPAs ambientais. Pelo protocolo, um Fórum Nacional Ambiental, composto por trabalhadores e empresários, será instalado daqui a dois meses e definirá a regulamentação do acordo.

Já a portaria, que entra em vigor logo após sua publicação no Diário Oficial – o que vai ocorrer nos próximos dias, segundo o Ministério – garante aos sindicatos de base e às centrais, além da participação com voz e voto nos processos de licenciamento ambiental, a elaboração de programas de proteção ambiental integrados à saúde do trabalhador. Estes programas serão estabelecidos através de diálogo com o setor empresarial, de acordo com a realidade de cada setor e local de trabalho (veja a íntegra da portaria e do acordo ao final deste texto).

“Até hoje, os empresários que recebem licenciamento ambiental não eram submetidos à cobrança dos trabalhadores da empresa, nem dos sindicatos, para cumprirem as condicionantes ambientais impostas ao projeto. A partir de agora, as empresas passam a ter a obrigação de informar seus trabalhadores e os sindicatos reconhecidos naquela base sobre as condicionantes, sobre cada etapa de implementação”, afirmou Minc.

O presidente da CUT, Artur Henrique, que apresentou a proposta ao ministro há pouco mais de dois meses, saudou a iniciativa como um novo patamar na relação do movimento sindical com o modelo produtivo das empresas e, por extensão, com o desafio de mudar o modelo de desenvolvimento do País.

“Nós, como militantes e dirigentes sindicais, não podemos mais nos preocupar com o meio ambiente na condição de espectadores. Temos de usar nossa experiência de ação sindical nos locais de trabalho para atuar diretamente sobre esse tema”, disse. Além da nova abordagem sindical para o meio ambiente, Artur também acredita que a mudança abre maior espaço para a ação sindical como um todo.

Artur, Minc e Marinho

Aproveitando a presença do ex-presidente da CUT Luiz Marinho, hoje prefeito de São Bernardo, Artur comparou a assinatura do acordo ambiental com a iniciativa de Marinho de se organizar, a partir de 2004, as primeiras Marchas Nacionais do Salário Mínimo. “Ele soube, muito antes dessa crise, enxergar a importância estratégica e social de um salário mínimo fortalecido. Hoje, inclusive, o salário mínimo é um dos mais importantes instrumentos para o Brasil enfrentar essa crise”, explicou Artur. “Esse acordo é uma grande sacada, como foi a sacada da luta pelo salário mínimo”, completou.

Marinho, que passara pelo plenário para saudar os delegados, disse: “Vim aqui dizer que tenho saudades do tempo em que estava aqui, e para lembrar que a CUT é cada vez mais importante para o Brasil”, disse.

Da Redação