13 anos do acordo na Volks

Além da fábrica não fechar, investimentos aumentaram

Rossana Lana / SMABC

A Volks vai aumentar a capacidade produtiva da fábrica Anchieta de 1.300 para 1.600 veículos por dia a partir do ano que vem, com a ampliação do setor de pintura.

A obra faz parte dos investimentos de R$ 6,2 bilhões no País, que inclui o lançamento de 23 novos modelos e a contratação de três mil trabalhadores desde 2007.

Isso não aconteceria sem a luta dos trabalhadores na Volks para manter a unidade no ABC. Em dezembro de 1997, a multinacional anunciou 10 mil demissões e não escondia a intenção de fechar a fábrica.

O secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, era membro da Comissão de Fábrica e conta essa história.

Quando o Sindicato percebeu a falta de interesse da Volks na planta Anchieta?
Quando diminuíram os investimentos e os novos modelos que marcaram as operações da fábrica nos anos 90. Dinamizar a planta era nossa pauta constante, mas a fábrica ignorava.

Como ficou o ambiente quando as 10 mil demissões foram anunciadas?
Com revolta e incerteza. Os trabalhadores tinham consciência da situação e sabiam que nossa única alternativa saída era a resistência, mas de uma forma que mantivesse os empregos.

Foi assim que se negociou o primeiro acordo?
Exatamente. Negociamos novos parâmetros para o banco de horas e criamos o banco de dias. Houve acréscimo no pagamento do transporte e da refeição, abriu-se um PDV e com mais alguns ajustes fizemos um acordo prevendo investimento para a produção do Pólo, na época chamado projeto PQ 24.

Isto resolveu o problema?
Não! Quatro anos mais tarde enfrentamos a mesma situação e novas ameaças de demissão. Foi quando o Sindicato buscou um acordo com a matriz, na Alemanha, porque sabia que a direção no Brasil queria fechar a planta. Novas negociações levaram a ajustes na jornada, pagamento da PLR e reestruturação de setores e conseguimos outro acordo, com cinco anos de garantia de emprego e o início da produção do Fox. Quando esse acordo venceu, em 2006, a Volks anunciou oficialmente que fecharia uma das fábricas no País. Tínhamos certeza que seria a de São Bernardo. Só que mais uma vez a mobilização e a disposição de negociar foram fundamentais para outro acordo que incluiu novos investimentos.

Que lição você tira de todo esse processo?
A principal é o protagonismo dos trabalhadores, que confiaram na organização no local de trabalho e nos mostraram os caminhos a seguir nos três acordos. Eles foram sábios em negociar alternativas e os resultados estão aí, com novos anúncios de investimento. Também foi importante a confiança criada com o processo de negociação. Nenhuma empresa investiria tanto se fosse fechar a fábrica logo depois, não é? Esses acordos possibilitaram um aumento de 60% e a manutenção do nível de emprego praticamente no mesmo patamar há quase 13 anos.

Qual a importância de uma fábrica como esta para a categoria e a região?
Esta questão sempre orientou as nossas negociações. Não conseguiríamos imaginar o ABC sem a Volks com sua importância econômica para o desenvolvimento local. Seria irresponsável de nossa parte desprezar isso e não considerar o risco que corria a sobrevivência de milhares de trabalhadores, de fornecedores e as receitas púbicas geradas para São Bernardo e o Estado.

Da Redação