1º acordo do PPE é aprovado na base
Foto: Adonis Guerra
Os trabalhadores na Rassini, em São Bernardo, aprovaram por unanimidade o acordo, negociado entre Sindicato e empresa, para a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, em assembleia na manhã de ontem. São os primeiros metalúrgicos do ABC a adotarem o programa lançado em julho.
“Este acordo será referência para a base inteira e a votação simboliza todo o espírito do Programa de valorização do vínculo do trabalhador no seu emprego. É uma vitória da categoria”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.
“É muito mais eficiente, inteligente e correto ter a participação do Estado brasileiro na preservação do emprego. O maior valor que o País tem são os trabalhadores com essa vontade de trabalhar, de cuidar da sua família e progredir na vida”, prosseguiu.
O acordo coletivo na Rassini, empresa de molas automotivas, prevê a redução de 15% da jornada de trabalho com redução de 15% do salário dos 550 trabalhadores. Com o PPE, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, repõe a metade dessa redução (7,5%). A duração do PPE na empresa será de quatro meses com estabilidade até 31 de janeiro. Se necessário, o Programa poderá ser prorrogado por até oito meses.
“Cada empresa tem o seu nível de queda de atividade. Na Rassini, a redução de 15% da jornada está sendo avaliada pela empresa como suficiente para adequar a produção”, explicou Rafael. O PPE permite redução da jornada em até 30%.
O presidente destacou ainda que os companheiros terão que enfrentar a atual crise política e econômica. “Temos que lutar contra o projeto da terceirização que está no Congresso, exigir do governo medidas pela retomada da economia e defender o emprego”, disse.
“Com o PPE, não vamos admitir demissões na categoria. Vai ter greve na empresa que quiser demitir e vamos exigir dos empresários que usem o Programa até o limite”, ressaltou. “Vamos fazer a luta para defender os empregos e não perder mais trabalhadores na categoria, no Estado de São Paulo e no Brasil”, concluiu o presidente.
No País, a Grammer do Brasil, fabricante de assentos para veículos, em Atibaia, interior paulista, foi a primeira empresa a aderir ao PPE no último dia 28.
Trabalhadores na Rassini:
“Estava preocupado com o risco de demissões porque tenho um filho de 3 anos e gêmeos de 2 anos. Seria muito complicado ficar desempregado. O acordo é muito melhor do que ser demitido, até porque não conseguiria o salário que tenho aqui com o tempo de empresa. Com a estabilidade vai dar para passar o fim de ano tranquilo. Acho que foi um grande acordo entre o Sindicato e a empresa com o complemento do governo federal.” Cleiton dos Santos Silva, trabalha há 9 anos no almoxarifado de matéria-prima.
“A aprovação do acordo do PPE foi muito importante para garantir os empregos. Estavam todos preocupados com cortes e é melhor ter uma redução pequena de jornada e salário do que ficar desempregado. A situação está difícil e tenho que pagar os cursos do meu filho de 15 anos. Já tivemos uma redução de jornada e salário em abril e maio sem o complemento que o PPE tem. Os trabalhadores entenderam que o acordo foi o melhor para todo mundo.” Eliana de Abreu, trabalha há 10 anos na limpeza.
“O acordo de proteger os empregos foi um fôlego que tivemos e que dá uma perspectiva de esperança para os trabalhadores passarem por esse momento crítico até que a situação melhore. Acredito que será o tempo para a empresa e a economia darem uma guinada. O que importa é o emprego. Também sou cantor de forró e a felicidade é ter o emprego para me manter ao mesmo tempo em que posso cantar e esquecer os problemas.” Luiz Mendes, trabalha há 5 anos na montagem.
Da Redação.