1º de Maio – Um povo de lutas: A luta armada no Brasil
Depois que a ditadura militar
acabou com os canais de atuação
social e política e desmantelou os
movimentos populares, vários grupos
de esquerda, sem espaço de
participação, fizeram a opção pela
luta armada, principalmente depois
de 1968, com o Ato Institucional
nº 5, que deu poderes absolutos
aos militares.
Esses grupos surgiram nas décadas
de 60 e 70 e viam a resistência
armada como um último recurso
para combater a ditadura, reorganizar
os movimentos populares e
realizar a revolução.
Inspiração –
Nessa época, estavam em curso
inúmeras revoluções de libertação
nacional. A Revolução Cubana
tinha sido vitoriosa em 1959, a Argélia
conseguiu sua independência
em 1962 e no Vietnã a população
guerreava contra o imperialismo
norte-americano.
Na China, a revolução cultural
proletária a partir de 1966 se
mostrava como uma alternativa
ao modelo soviético de socialismo.
Eram muitos os movimentos por
transformações sociais, políticas e
econômicas como o maio de 1968
na França, a contracultura e os hippies
em várias partes do mundo.
Enquanto o mundo apontava a
rebeldia e a revolução como forma
de conseguir uma nova ordem, aqui
no Brasil a ditadura havia acabado
com direitos conquistados pelos
movimentos sociais e interrompido
o processo de democratização
política, além de proibir greves e
qualquer tipo de manifestação.
Guerrilhas –
Em 1961, militantes das Ligas
Camponesas, comandadas por
Francisco Julião, já haviam recebido
treinamento militar na China
para iniciar uma guerrilha rural no
Nordeste e Norte, idéia não concretizada
com o golpe militar.
Nesse panorama, alguns agrupamentos
de esquerda decidiram
usar a violência contra aqueles que
fizeram uso dela para prejudicar os
interesses da pátria e das massas
populares.
A perspectiva do movimento
armado era de mudança, fazer a
revolução, reestruturar a sociedade
e acabar com qualquer tipo de
exploração.
O entendimento era que somente
um governo popular ou socialista
teria condições de retomar
o desenvolvimento nacional.
Diversos grupos foram formados
em razão das divergências
sobre o caráter da revolução e
formas de luta. Uns defendiam a
via guerrilheira baseada em focos
espalhados pelo País, outros queriam
o cerco das cidades a partir
do campo, como na Revolução
Chinesa, e outros optaram pela
insurreição popular.
Para tanto, era preciso dinheiro,
que seria conseguido com as
ações urbanas como assalto a bancos
e supermercados. A luta armada
passa a acontecer em 1967, três
anos depois do golpe militar.
Duas guerrilhas por um governo comunista
A Guerrilha do Araguaia foi
o nome dado a um conjunto de
ações guerrilheiras com o objetivo
de, através de uma ação prolongada,
combater a ditadura militar e implantar
o comunismo no País.
Ela foi organizada pelo Partido
Comunista do Brasil e as ações
aconteceram às margens do Rio
Araguaia, próximo às cidades de
São Geraldo e Marabá, no Pará, e
de Xambioá, em Goiás.
O movimento armado aconteceu
entre 1966 e 1974 e envolveu
pelo menos 80 militantes do
PCdoB.
O Exército descobriu o núcleo
guerrilheiro em 1971 e fez três investidas
contra os rebeldes. A maior
parte dos guerrilheiros foi torturada
antes de ser executada. Poucos sobreviveram,
entre eles o atual deputado
federal José Genoíno.
A Guerrilha de Caparaó foi
inspirado na guerrilha de Sierra
Maestra, em Cuba, e aconteceu na
Serra de Caparaó, divisa do Espírito
Santo e Minas Gerais, em 1966
e 1967.
Ela foi organizada pelo Movimento
Nacionalista Revolucionário,
formado em sua maioria por
ex-militares expulsos das Forças
Armadas.
Eles ficaram alguns meses na
serra fazendo treinamento e reconhecimento
da região. Eram cerca
de 20 guerrilheiros, que foram denunciados
pela população e presos
pelo Exército e Aeronáutica em
abril de 1967, antes de entrarem
em ação