1º de maio – um povo de lutas: Em São Paulo, descontentamento com a dominação portuguesa
A Aclamação de Amador
Bueno aconteceu em
1641, em São Paulo, e foi
um dos primeiros movimentos
de caráter nativista,
contra os portugueses. Ele
teve razões políticas e econômicas.
Um ano antes, Portugal
havia conseguido se libertar
de 60 anos de domínio
espanhol com a guerra da
Restauração, o que separa
as coroas lusa e espanhola, e
leva ao trono D. João IV.
Em São Paulo, parte
da população de origem
espanhola quer permanecer
fiel ao reino espanhol de
Castella e decide proclamar
como rei o fazendeiro Amador
Bueno, morador mais
rico do lugar, capitão-mór,
ouvidor e castelhano por
parte de pai.
O objetivo era criar um
reino independente, separando
a capitania paulista do
resto do Brasil.
Aos espanhóis se juntaram
comerciantes paulistas
pelo temor de que Portugal
acabasse com o contrabando
que faziam com a região do
Rio da Prata, atual Argentina
e Uruguai, e com a captura
de índios nas missões jesuíticas
na bacia do Rio Paraná.
Recuo – No dia 1º de abril de
1641 a população sai às ruas
e os revoltosos assinam um
termo aclamando Amador
Bueno como rei.
Ele recusa o convite e
jura fidelidade ao novo rei de
Portugal. Pressionado pela
população em fúria, convencida
que a independência era
a melhor solução, Amador
Bueno refugia-se no Mosteiro
de São Bento.
O povo cerca o mosteiro
e depois da interferência
do abade desiste da aclamação.
No dia 3 de abril, D.
João IV foi reconhecido
como soberano da capitania
paulista, em auto assinado
pela Câmara.
Apesar do descontentamento
com a dominação
portuguesa, o episódio não
teve repercussões sérias. São
Paulo, na época, era um vilarejo
com dois mil habitantes,
a maioria vivendo nas plantações
de trigo, marmelo,
algodão e vinhas.
Por causa da dificuldade
em ultrapassar a Serra do
Mar, a Coroa praticamente
ignorava os paulistas.
Em Pernambuco, o povo prende o governador
A chamada Conjuração
de Nosso Pai, que aconteceu
em 1666, foi outro movimento
nativista no Brasil
colonial, momento em que
despertou um sentimento
de brasilidade na população,
embora tenha ficado restrito
à capitania de Pernambuco.
Nessa época, Olinda e
Recife, as duas cidades mais
importantes da região, estavam
em processo de reconstrução
em conseqüência dos
estragos provocados pela
guerra contra os holandeses.
Para comandar esse
processo a Coroa nomeou
como governador Jerônimo
de Mendonça Furtado,
contrariando os interesses
dos pernambucanos que
desejavam um deles na função
como forma de reconhecimento
pela expulsão
dos holandeses. Para eles,
Mendonça de Furtado era um estrangeiro.
Tão logo tomou posse ele
se mostrou desonesto e truculento,
ganhando a antipatia de
todos. Odiado pela população,
andava sempre com uma escolta
bem armada.
Procissão – O pessoal da capitania,
descontente, passou a se
reunir para tramar contra o
administrador.
Eram senhores de engenho,
o juiz de Olinda e também
vereadores que queriam
a deposição de Mendonça de
Furtado.
Eles decidiram simular
um Nosso Pai, isto é, uma
procissão que percorria as
ruas fazendo orações e levando
comunhão aos doentes
que não podiam sair
de casa.
A trama foi planejada
pelo juiz, com o apoio da
população e conivência do
padre.
Era costume as pessoas
se juntarem ao cortejo em
sinal de respeito, e o governador
não perdia essa oportunidade,
como forma de
aparentar popularidade.
No dia 9 de março de
1666 uma procissão de Nosso
Pai passou em frente ao
palácio de governo e, como
de costume, Mendonça de
Furtado e seus guarda-costas
nela se juntaram.
Rapidamente, eles foram
amarrados e presos,
sem tempo de reação.
O governador foi deportado
para Lisboa, onde
recebeu condenação de prisão
perpétua numa fortaleza
da Ásia por seus desmandos
durante sua administração
em Pernambuco.
A Coroa, en