2.898 mortes e 15 mil incapacitados

Parece manchete de guerra. Em 2002, os acidentes e as doenças relacionadas ao trabalho mataram 2.898 trabalhadores, deixaram 15 mil incapacitados para sempre e outros 331.398 temporariamente incapacitados no Brasil.

Os números são do relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apresentado ontem e referem-se apenas aos acidentes e mortes de trabalhadores com registro em carteira, não considerando o mercado informal, cada vez maior no País.

Estima-se que de cada dois acidentes ou mortes no trabalho, uma não seja notificada pela empresa aos órgãos competentes.

>> Terceirização e más condições de trabalho

O documento alerta para a importância das melhorias de condições de trabalho. A terceirização também é apontada como um dos fatores de agravamento, especialmente em segmentos como a manutenção de linhas elétricas, extração mineral e operação de máquinas.

A exposição a produtos químicos, substâncias perigosas e cancerígenas, a violência no trabalho e as doenças do aparelho respiratório causadas por poeiras são motivo de preocupação.

O Brasil, segundo o relatório, registra um aumento indiscriminado de produtos químicos de uso comercial. A exposição a poeiras de amianto, sílica e outras substân-cias perigosas tem causado a morte de milhares de trabalhadores.

>> Quem paga a conta

Esse quadro foi responsável por despesas equivalentes a 2,2% do PIB, ou R$ 23 bilhões, gastos com pagamento de benefícios por afastamento do trabalhador, despesas de saúde, reabilitação profis-sional, além de processos judiciais.

Esse dinheiro seria muito melhor empregado na erradicação da fome e na geração de milhões de postos de trabalhos.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente