20 anos de SUS: A SAÚDE INCLUSIVA
O Sistema Único de Saúde (SUS) completa 20 anos como um dos maiores avanços conquistados na Constituição de 1988. O programa conseguiu incluir mais de 80 milhões de brasileiros que antes estavam a margem dos serviços de saúde.
Conquista da Constituição
de 1988, o Sistema
Único de Saúde (SUS) incluiu,
da noite para o dia, 80
milhões de usuários antes
à margem dos sistemas de
saúde no Brasil.
Até então, a assistência
a saúde ou era prestada pela
Previdência Social ou pelos
planos privados de saúde,
ambos excludentes. Os antigos
Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência
Social (Inanps) e o
Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS) atendiam
apenas trabalhadores
com carteira assinada.
Trabalhadores informais
e a população sem
vínculo empregatício se
viravam como podiam. Os
planos privados servem só
a quem pode pagar uma
mensalidade, atualmente
36 milhões de pessoas, 19%
dos brasileiros,
“O SUS é uma conquista.
Trata a saúde como
um direito de cidadania, um
direito de todos. Foi um impacto
brutal porque de uma
hora para outra 80 milhões
de brasileiros passaram a ter
o direito à saúde, garantido
pela Constituição”, declarou
o ministro da Saúde,
José Gomes Temporão.
Dois lados –
Ele mesmo confirma
que a imagem do serviço
não é bem vista pela população,
especialmente pela
classe média que conta com
plano privados de saúde.
Filas e falta de atendimento,
ou atendimento precário
nos hospitais, deficiências e
fraudes na gestão carimbam
negativamente a imagem do
Sistema.
A Controladoria Geral
da União (CGU) analisou
os repasses de verba a 1.341
municípios desde 2003. Juntos,
receberam cerca de R$
1,5 bilhão de reais, porém
R$ 586 milhões foram desviados
ou mal aplicados.
O Banco Mundial reconheceu,
na semana passada,
que 30% das internações
hospitalares no Brasil, tanto
as públicas como as privadas,
seriam desnecessárias.
Para evitar essa vazão
de dinheiro gasto desnecessariamente,
o Ministério
da Saúde criou a Fundação
Estatal, que vai criar mecanismos
para garantir mais
eficiência ao padrão de gerenciamento
dos hospitais
brasileiros.
Nesta semana foi criada
a Universidade Aberta do
SUS com a meta de qualificar
152 mil trabalhadores na
área de saúde.
Temporão reclama o
apertado orçamento, de R$
48 bilhões anuais, para fazer
frente à demanda crescente.
Por isso, ele defende a
aprovação da Contribuição
Social de Saúde (CSS) para
que o sistema se planeje e se
estruture melhor.
Sistema está em todo lugar
Parte do descontentamento
com o serviço deve-se
a sua amplitude, pois mesmo
quem não o usa acaba se beneficiando
do SUS. O Brasil,
por exemplo, tem o maior
programa mundial de tratamento
de pacientes contaminados
com o vírus HIV.
A campanha de vacinação
contra a poliomielite
imunizou 75% das 15
milhões de crianças de até
cinco anos no sábado passado
e o Ministério acredita
que deverá chegar aos 95% de
imunização até o final
do mês.
A vacinação de idosos
contra a gripe cobriu 85%
da população maior de 60
anos. Também é de responsabilidade
do SUS o controle
de zoonoses e a vigilância
sanitária.
Essa universalização
garantiu a redução pela metade
da taxa de mortalidade
infantil. Doenças antes endêmicas
como a de Chagas e
a tuberculose praticamente
desapareceram.
Para muitos uma solução
Uma hepatite C manifestou-se no eletricista Olavo
Orlando de Souza,
membro do Sistema Único
de Representação na Ford.
Ele é um dos milhares
de brasileiros abrigados por
planos privados de saúde
que tiveram o tratamento
recusado. A alternativa foi
recorrer ao SUS. Um dos remédios
usados por Olavo, o
Interferon, custa em média
R$ 2 mil a dose.
Assim como a hepatite,
o SUS assume gratuitamente a grande parte dos tratamentos
e procedimentos de
alta complexidade, como
transplantes e câncer.