22 milhões de jovens não trabalham nem estudam na América Latina

O relatório “Trabalho Decente e Juventude na América Latina: Políticas para Ação”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que 21,8 milhões dos latino-americanos entre 15 e 24 anos não estudam, nem trabalham, o que representa 20,3% dos jovens.

Destes, 21,8 milhões denominados “nem-nem”, 30% são homens e 70%, mulheres, diz o relatório, divulgado nesta quinta-feira pela OIT.

Aproximadamente 25% desses jovens (5,25 milhões) buscam trabalho; mas não conseguem, 16,5 milhões não trabalham, nem buscam emprego e cerca de 12 milhões se dedicam a afazeres domésticos. Mulheres jovens constituem 92% desse grupo.

Cerca de 4,6 milhões de jovens são considerados pela OIT o “núcleo duro” dos excluídos, pois representam o maior desafio e estão sob risco de exclusão social, já que não estudam, não trabalham, não procuram emprego e tampouco se dedicam aos afazeres domésticos.

Os países com maior percentual de jovens nem-nem são Honduras, com 27,5%, Guatemala, com 25,1%, e El Salvador, com 24,2%. Os países com menor percentual são Paraguai, com 16,9%, e Bolívia, com 12,7%. No Brasil, 19% de jovens não trabalham, nem estudam.

O relatório da OIT destaca positivamente o fato de que, apesar de as estatísticas laborais não serem alentadoras, a porcentagem de jovens que somente estudam aumentou de 32,9%, em 2005, para 34,5%, em 2011.

“Não há dúvida de que temos a geração mais educada da história e, por isso mesmo, é necessário tomar as medidas apropriadas para aproveitar melhor seu potencial e dar-lhe a oportunidade de iniciar com o pé direito sua vida laboral”, disse a diretora regional da OIT para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco.

Desemprego atinge quase 8 milhões de jovens

Pesquisa divulgada hoje (13) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que 7,8 milhões de jovens latino-americanos entre 15 e 24 anos estão desempregados, o que equivale a 13,9% do total da força de trabalho nesta faixa etária, estimada em 56 milhões de pessoas. Segundo o relatório Trabalho Decente e Juventude na América Latina: Políticas para Ação, 27 milhões de jovens trabalham na economia informal e 21,8 milhões não estudam, nem trabalham. Os dados da pesquisa referem-se a 2011.

De acordo com a OIT, a situação de crescimento econômico com emprego registrada nos últimos anos na América Latina não foi suficiente para melhorar a oferta de trabalho para os jovens, que continuam enfrentando um cenário pouco otimista em que persistem o desemprego e a informalidade.

“Sabemos que existe preocupação com a situação do emprego dos jovens. É urgente passar da preocupação à ação. É evidente que o crescimento  [econômico] não basta”, disse a diretora regional da OIT para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco. “Estamos diante de um desafio político que demanda uma demonstração de vontade na aplicação de políticas inovadoras e de efetividade para enfrentar os problemas da precariedade laboral.”

Na América Latina, existem cerca de 108 milhões de jovens, dos quais cerca de 56 milhões fazem parte da força de trabalho, isto é, têm emprego ou estão buscando uma ocupação. Os jovens representam 43% do total de desempregados da região, segundo o relatório. A taxa de desemprego juvenil, de 13,9%, é o dobro da taxa geral e o triplo da dos adultos, diz a OIT. O estudo também destaca a gravidade da situação das mulheres jovens, entre as quais a taxa de desemprego alcança 17,7%. Entre os homens jovens, os desempregados são 11,4%.

Sobre a qualidade do emprego, o relatório informa que 55,6% dos jovens latino-americanos ocupados somente conseguem empregos informais, o que geralmente implica baixos salários, instabilidade laboral e carência de proteção de direitos sociais.

Além disso, somente 37% dos jovens na região contribuem para a seguridade social e apenas 29,4% para o sistema de aposentadoria. De todos os jovens que são assalariados, apenas 48,2% têm contrato assinado, enquantos os assalariados nessa condição somam 61%, diz a organização.

“Não é casual que os jovens sejam defensores dos protestos de rua quando suas vidas estão marcadas pelo desalento e pela frustração por causa da falta de oportunidades. Isso tem consequências sobre a estabilidade social e inclusive sobre a governabilidade democrática”, afirmou a diretora da OIT.

Do Valor Econômico e Agência Brasil