25 mil trabalhadores estão no PPE

Fotos: Edu Guimarães

Os trabalhadores na Ford aprovaram o acordo de adesão ao Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, negociado entre o Sindicato e a empresa, em assembleia na sexta-feira, dia 18. Com a aprovação, as 203 demissões anunciadas pela montadora foram canceladas e a greve foi encerrada no nono dia de mobilização.

Já são cerca de 25 mil trabalhado­res com os empregos protegidos na base dos Metalúrgicos do ABC. A Ford é a sétima empresa a aprovar o acordo de adesão ao PPE, sendo a terceira montadora.

“A maior contribuição da categoria para a retomada da economia do Brasil é preservar os empregos”, destacou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.

O acordo do PPE prevê a re­dução de jornada de trabalho e de salário de 20% para 3.300 trabalhadores a partir de janeiro, sendo que o Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, complementa a metade dessa redução. A dura­ção do acordo será de seis meses, podendo ser prorrogado por mais seis meses.

“A disposição de luta, a garra e o apoio esmagador de todos os trabalhadores fizeram a greve dar certo. Isso deu forças para a nego­ciação encontrar caminhos para salvar o que é mais precioso aos trabalhadores, que é o emprego”, afirmou Rafael.

A PLR, o INPC e o abono sa­larial estão garantidos conforme o acordo coletivo assinado em março deste ano e também a esta­bilidade no emprego até agosto de 2017. As férias não serão afetadas pelo PPE.

O acordo prevê a prorrogação do layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) de cerca de 100 trabalhadores. Em janeiro do ano que vem, mais 150 traba­lhadores entrarão em layoff.

“Vamos utilizar os dois meca­nismos, o PPE e o layoff, pois a empresa alega que uma redução de 20% na jornada de trabalho não daria conta desse momento. Sabe­mos que a situação é complexa, e ficaria ainda mais crítica a partir de janeiro, quando haverá novo ajuste na produção”, explicou Rafael.

A empresa abrirá o PDV até o dia 9 de outubro. Também será instituída uma mesa de negociação permanente a partir de novembro.

MEXEU COM UM, MEXEU COM TODOS

Todos os representantes sindicais estarão no Programa e terão a redução de 10% no salário, incluindo o presidente do Sindicato, Rafael Marques; o diretor executivo, Alexandre Colombo; e o secretário-geral da CUT São Paulo, João Cayres, apesar de os setores de manutenção e engenharia PD estarem fora do PPE na fábrica.

O PPE foi anunciado pela presidenta Dilma Rousseff no dia 6 de julho após quatro anos de luta dos trabalhadores e está em tramitação no Congresso. O objetivo é preservar os empregos durante períodos de retração da atividade econômica e, com isso, contribuir para a recuperação da economia ao manter o vínculo empregatício.

Na luta!

“Vivi isso em 1998, quando anunciaram 2.800 demis­sões, e foi uma luta muito desgastante. Nesta semana, revivi toda aquela história e o passado veio ao presente muito rápido. A força para lutar veio da representação do Sindicato, dos companheiros e da minha filha de 23 anos, que reforçava para mim todos os dias que a categoria é muito forte e unida para conquistar a vitória. Agora é um alívio muito grande a reversão das demissões. Os trabalhadores aqui são guerreiros e uma verdadeira família”, Emerson Rogério Serrano, o Ratão, Logística, há 26 anos na montadora

“Fui demitido em 1998, quando a luta foi aguerrida até conquistar a reversão. Agora aconteceu de novo. Achei que o acordo foi muito bom para manter os empregos e dar mais tranquilidade para todos. Estava preocupado com minha filha de 9 anos e agora posso respirar mais leve e aliviado”, Edson de Oliveira, o Melancia, Logística, há 27 anos na fábrica

“Ninguém esperava por essa situação porque existia o acordo de estabilidade. A luta foi difícil, mas com a união e força do Sindicato e dos trabalhadores estamos de volta. Estou feliz agora que revertemos as demissões. Cada um tem planos e o meu objetivo sempre foi tra­balhar e me aposentar aqui”, Wilder Muniz, o Jacão, Montagem Final, trabalhador há 7 anos

PPE NA BASE – 23.933 TRABALHADORES

RASSINI

550 TRABALHADORES

TREFILAÇÃO UNIÃO

114 TRABALHADORES

PRICOL, ANTIGA MELLING

213 TRABALHADORES

MERCEDES

10 MIL TRABALHADORES

PRENSAS SCHULER

456 TRABALHADORES

VOLKS

9.300 TRABALHADORES

(7.600 EM OUTUBRO + 1.700 APÓS O FIM DO LAYOFF EM DEZEMBRO

Da Redação.