2º Congresso da Mulher Metalúrgica – Guerreiras, assumam todas as frentes de luta!

A conferência de abertura do Congresso vai mostrar como a conquista da igualdade entre os sexos depende de batalhas que vão do chão de fábrica até o combate à simbologia masculina que perpetua a dominação de homens sobre mulheres. Conheça a programação do evento que continua sendo convocado nas portas de fábrica. Ontem, a Comissão de Mulheres esteve com as companheiras no Grupo Dana (foto) e hoje irá na SMS, TRW, Samot e Labortub.


Luta é também no campo simbólico

Autora de 30 livros, Walnice Galvão (foto), professora de literatura da USP, é uma das participantes da conferência As mulheres e os espaços de poder, que abre os trabalhos do 2º Congresso da Mulher Metalúrgica, na manhã do próximo dia 26 (veja programação abaixo).
Em uma de suas obras, A Donzela Guerreira (1997), ela relaciona personagens femininos ao longo da história humana que se travestiram de homens para guerrear por uma causa. Ela concedeu a seguinte entrevista para a Tribuna.

 

 

 


As mulheres ainda têm de se vestir de homens para guerrear?

Não mais. As últimas fizerem isso quando assumiram a luta contra a ditadura. Conheci muitas delas.

E porque não?
Porque cresceu a consciência das pessoas e das instituições para a necessidade da igualdade entre homens e mulheres.

A senhora vê avanços neste processo?
Muitos, como a legislação de proteção aos direitos da mulher, a criação das delegacias especiais há um tempo e, mais recentemente, a secretaria especial de mulheres do governo federal, a lei Maria da Penha etc. Mas este não será o foco de minha participação no 2º Congresso.

O que vai abordar?
É o espaço de poder no imaginário. Nossas frentes de luta são múltiplas, vão desde aquela do trabalho por salários iguais e promoções, à luta contra o domínio simbólico.
Explique esse domínio.
Nós mulheres continuamos a louvar, por exemplo, a virilidade masculina.
Esses símbolos estão presentes na televisão, no cinema, na música… Apesar dos avanços que citei antes, não podemos continuar a prestigiar os sinais do masculino porque eles perpetuam a dominação de homens sobre mulheres.
Por isso, quando digo assumir várias frentes de luta, uma delas é também contra esses valores da cultura.