2º Encontro de Gerações da representação na Mercedes reúne histórias de luta
Ex e atuais dirigentes relembraram histórias que marcaram a trajetória da organização dos trabalhadores na fábrica
Muitas experiências e histórias de luta foram compartilhadas no segundo “Encontro de gerações da representação na Mercedes”, realizado no último sábado, 2, na Sede.
O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, trabalhador na montadora, destacou que todos os companheiros foram fundamentais para construir a história da categoria e de toda a classe trabalhadora.
“Estou aqui como presidente porque tive a minha formação na fábrica, na linha de montagem, os companheiros que estão aqui me ensinaram muito, o departamento de formação deste Sindicato, aqui aprendi o que era sociedade, porque que essa sociedade é injusta, o que é o capitalismo, a mais-valia. Sabemos que é fundamental fazer um trabalho de base, por isso este Sindicato é gigante”.
O coordenador da representação, Sandro Vitoriano, fez a abertura do encontro e reforçou a importância dos companheiros e companheiras que antecederam a luta. Confira trechos das falas.
Sérgio Nobre, presidente da CUT
“Passamos momentos muitos difíceis e também alegres. Esta atividade é de extrema importância para rever os companheiros e rememorar as lutas. Um grande ensinamento que ouvi aqui no início do meu mandato como presidente foi ‘nunca se afaste da sua base’, o que me ajudou na presidência do Sindicato e da CUT”.
Vicentinho, deputado federal
“Minha palavra é de agradecimento, se hoje sou deputado federal, se fui presidente da CUT e deste Sindicato, foi por causa de vocês. O que mais me deixa feliz é que as novas gerações seguem firmes e esse trabalho faz com que a gente continue juntos na caminhada”.
Djalma Bom
Djalma Bom, trabalhador de 1963 a 1980, destacou a luta atual. “Não é o momento de fazermos cobranças para os outros, mas sim de cobrarmos nós mesmos. Temos que fazer muito mais, pensar no desemprego, nas pessoas que não têm o que comer. Nossas lutas foram muito importantes e ainda temos muito pelo que lutar”.
Valter Sanches
“Além de poder rever nossos companheiros de tantas lutas, esse encontro é importante para trocarmos histórias e experiências. Este Sindicato tem uma coisa muito interessante que é a generosidade intrageracional, é como uma corrida de bastão em que a gente passa o bastão para o outro”.
Francisco Ribeiro Palma, o Chico Palma
Trabalhador na fábrica de 1968 a 1985, lembrou da conquista da Comissão. “Em outubro de 1984 foi feito o acordo para acabar com a greve e em fevereiro de 1985 conquistamos a 1ª comissão. É muito gratificante ouvir vocês que estão agora, é uma outra Mercedes, uma outra visão de trabalho, outra forma de organização. Muita coisa mudou, o que não mudou foi a vontade de lutar”.
Tarcísio Secoli
Ex-trabalhador na Mercedes e ex-diretor do Sindicato, Tarcísio foi o mais novo coordenador da Comissão de Fábrica, com 28 anos. “No início dos anos 80 fizemos uma coisa muito importante, iniciativas que foram gerando consciência política. Mas não foi um período fácil, tinha muita pressão da fábrica. Em 1988 essa Comissão teve um peso na Constituinte, a gente não ficava só dentro da fábrica, ia para as ruas e praças conversar com a população”.
Vinícius Luciano Mendes dos Santos
Trabalhador da nova geração, Vinícius agradeceu todos os companheiros que vieram antes. “Nós somos frutos dessa luta. Em 1997 foi criada a Comissão de Juventude no Sindicato, porém a atuação dos jovens na fábrica vem muito antes disso. Se hoje temos espaço, é graças às gerações que vieram antes. Agora temos que dar continuidade à luta”.
Genusia Ferreira de Araújo
Trabalhadora na fábrica, Genusia lembrou que a Mercedes não empregava mulheres. “Mulher não podia trabalhar lá, foi só em meados de 90, após muita luta da Comissão de Fábrica, que mulheres começaram a ser contratadas. É graças também a esses companheiros que hoje temos espaço dentro da Mercedes”.
Aroaldo Oliveira da Silva
Trabalhador na Mercedes e diretor executivo do Sindicato, lembrou da mobilização em 2014 para manter a planta. “Quase perdemos a fábrica, mas resistimos. É preciso ter claro onde queremos chegar para não esmorecer durante o caminho, por isso é importante regatar a história de diversos companheiros que conseguiram manter essa fábrica, só foi possível chegar nesse patamar porque todos esses outros deram suporte”.